Com caminhoneiros, transações do Brasil com exterior têm superávit 73% menor

Paralisação reduziu as exportações; apesar do dólar, gastos com viagens ao exterior cresceram

Maeli Prado
Brasília

A paralisação dos caminhoneiros reduziu o superávit das transações do Brasil com o exterior a US$ 729 milhões no mês passado, uma queda de 73,5% na comparação com maio de 2017, divulgou o Banco Central nesta segunda-feira (25).

O resultado foi impactado principalmente pelo superávit comercial, que veio US$ 1,8 bilhão menor do que o registrado no mesmo mês do ano passado.

As exportações, afetadas pela paralisação, somaram US$ 19,2 bilhões, uma pequena queda em relação ao mesmo mês do ano passado (US$ 19,7 bilhões). Foi a primeira queda nessa comparação desde dezembro de 2016. 

"Esse é um movimento pontual. Ao longo do tempo, esses números tendem a voltar à normalidade, mas em maio vimos esse impacto principalmente via exportações, atingindo as transações correntes", afirmou Fernando Rocha, chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central.

Enquanto isso, as importações mantiveram sua tendência de alta, crescendo de US$ 12,3 bilhões, em maio de 2017, para US$ 13,6 bilhões, no mês passado.

De acordo com Rocha, a recuperação das exportações está ocorrendo de forma gradual. "A primeira e segunda semanas de junho ainda tiveram valores de exportação abaixo da média diária antes do movimento dos caminhoneiros. A estimativa que o BC faz para as transações correntes em junho é de estabilidade", disse. 

Os investimentos estrangeiros produtivos no Brasil, que neste ano vem caindo em relação ao ano passado por causa das mudanças na tributação nos Estados Unidos e a incerteza das eleições no Brasil, somaram US$ 3 bilhões no mês passado. 

Com isso, no acumulado do ano o investimento direto no país soma US$ 23,3 bilhões, uma redução expressiva em relação ao registrado entre janeiro e abril de 2017 (US$ 32,2 bilhões).

De acordo com Rocha, em junho esses dados mostrarão uma recuperação maior. Os dados parciais do BC, até o dia 21, mostram que os investimentos diretos no país somaram US$ 5 bilhões. "A expectativa do BC é de US$ 6 bilhões no mês todo". 

IMPACTO SOBRE VIAGENS 

Apesar da alta do dólar, os gastos de brasileiros com viagens no exterior somaram US$ 1,6 bilhão no mês passado, pouco acima dos US$ 1,4 bilhão registrados em maio de 2017. 

No acumulado do ano, essas despesas com viagens totalizam US$ 8 bilhões, acima dos US$ 7,2 bilhões registrados no ano passado.

Nos dados parciais de junho, até o dia 21, os gastos somaram US$ 1,1 bilhão, segundo o BC.

Segundo Rocha, apesar de os gastos dos brasileiros no exterior continuarem fortes, o crescimento em maio ocorreu a um ritmo menor.

"A desvalorização vai ocorrendo ao longo do tempo, e vai fazer com que se desacelere o crescimento. Em maio, houve uma alta de 8% nas despesas, enquanto que no acumulado do ano, o crescimento é maior, de 11%".

Ele declarou ainda que, em maio, pode ter acontecido um movimento de antecipação de compra de dólares, por causa da disparada da moeda americana.

"Como está havendo uma desvalorização maior, pode ter havido um movimento de antecipação de compra de divisas", afirmou. 

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