Trump ameaça impor tarifas de 20% sobre veículos da União Europeia

UE vai cobrar tarifas 25% sobre série de produtos americanos a partir desta sexta-feira

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump - Olivier Douliery - 21.jun.18/AFP
Washington | Reuters

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou nesta sexta-feira (22) impor sobretaxas de 20% sobre exportações de veículos da União Europeia, um mês depois que seu governo iniciou análise sobre se as importações de veículos europeus representam uma ameaça à segurança nacional.

"Se estas tarifas e barreiras não forem quebradas e removidas, vamos colocar uma tarifa de 20% sobre todos os carros deles que vierem aos EUA. Fabriquem eles aqui!", escreveu Trump em sua conta no Twitter.

O Departamento de Comércio dos EUA está investigando se as importações de automóveis e autopeças representam um risco à segurança nacional. O prazo para conclusão das investigações é fevereiro de 2019, mas o secretário de Comércio, Wilbur Ross, disse nesta quinta-feira (21) que o órgão planeja encerrar os trabalhos muito antes, até o final de julho ou agosto.

O departamento planeja dois dias de audiências públicas em julho sobre as investigações.

Carro alemão

Trump referiu-se repetidamente aos embarques de veículos alemães para os EUA com crítica.

Em reunião com montadoras na Casa Branca, em 11 de maio, ele afirmou que planejava tarifas de 20% ou 25% sobre alguns veículos importados, criticando duramente o superávit comercial automotivo da Alemanha com os EUA.

Atualmente, os EUA impõem uma taxa de 2,5% sobre carros de passageiros importados da União Europeia, e de 25% sobre caminhonetes importadas. A UE, por sua vez, taxa em 10% os carros norte-americanos.

A proposta de sobretaxa foi acentuadamente condenada por parlamentares republicanos e grupos empresariais. Um deles representando grandes montadoras norte-americanas e estrangeiras disse estar "confiante de que as importações de veículos não representam um risco à segurança nacional".

A Câmara de Comércio dos EUA observou que a produção norte-americana de automóveis dobrou na última década, afirmando que as tarifas "seriam um golpe tremendo à própria indústria que se pretende proteger e ameaçaria iniciar uma guerra comercial global".

As montadoras alemãs Volkswagen, Daimler e BMW fabricam veículos em unidades nos Estados Unidos. A BMW está entre os maiores empregadores da Carolina do Sul, tendo mais de 9.000 trabalhadores no estado.

Em 2017, os EUA responderam por cerca de 15% das vendas globais da Mercedes-Benz e da BMW. O país corresponde a 5% das vendas da Volkswagen e 12% da Audi.

Contra-ataque

A União Europeia anunciou na quarta-feira (20) que vai começar a cobrar tarifas de importação de 25% sobre uma série de produtos americanos a partir desta sexta-feira, depois que Washington impôs sobretaxas para aço e alumínio do bloco no início de junho.

 
A Comissão Europeia  adotou formalmente a medida que estabelece as tarifas sobre € 2,8 bilhões (R$ 12,2 bilhões) em mercadorias dos EUA, incluindo uísque, jeans, motos Harley Davidson e suco de laranja. Os 28 países do bloco aprovaram a retaliação por unanimidade.  

A decisão engrossa o protesto contra a recente política comercial de Trump, chamada de “puro protecionismo” por representantes europeus e “um insulto” pelo primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau.

As tarifas europeias irão se somar às já anunciadas retaliações do México e do Canadá. O Canadá anunciou que irá impor tarifas retaliatórias sobre US$ 12,5 bilhões (R$ 46,9 bilhões) em exportações dos EUA em 1º de julho. O México colocou tarifas sobre produtos americanos que vão desde o aço até a carne suína há duas semanas. 

O imbróglio teve início em março, quando o governo Trump decidiu impor alíquotas de 25% e 10% sobre o aço e o alumínio importados da União Europeia, Canadá, México, Japão e outros países —incluindo o Brasil— alegando segurança nacional, a fim de proteger a indústria siderúrgica americana.

O republicano tem se queixado de que os EUA acumulam déficits comerciais com a maior parte dos países e que é preciso revertê-los para proteger empregos e indústrias locais.

Os ânimos se acirraram também entre Estados Unidos e China.

Trump ameaçou nesta segunda (18) impor uma tarifa de 10% sobre US$ 200 bilhões (R$ 751,2 bilhões) em produtos chineses, aumentando a disputa na guerra comercial com Pequim.

Ele afirmou que a medida seria uma retaliação à decisão da China de aumentar tarifas sobre US$ 50 bilhões (R$ 187,8 bilhões) em produtos americanos. 

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