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Economia abaixo do potencial exige incentivo à demanda

Passados 20 trimestres do início da recessão, atividade está 5% abaixo do que era

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Rio de Janeiro

A recessão técnica não apareceu nos dados do PIB. Mas a fraqueza econômica ficou mais clara do que nunca. Passados 20 trimestres do início da recessão, a atividade segue 5% abaixo do que era antes.

Os remédios que poderiam reverter essa situação são diversos. Há uma vertente do debate que foca medidas pelo lado da oferta, que aumentem o crescimento potencial.

É preciso fazer reforma tributária? Sim, pois o sistema tributário brasileiro é um dos dez mais complexos do mundo, segundo pesquisa do Banco Mundial com 190 países, o que gera ineficiências diversas.

É preciso abrir a economia para o comércio internacional? Sim, pois o Brasil é a segunda economia comercialmente mais fechada do planeta, ganhando apenas do Sudão.

É preciso avançar na agenda da educação (muito mal parada, diga-se de passagem)? Sim, pois a qualidade da nossa educação é terrível, tal como medida nas provas internacionais do Pisa.

É preciso ampliar a competição bancária? Sim, pois o spread cobrado pelos bancos brasileiros é uma aberração em comparações internacionais, superior até ao observado em países em guerra.

É preciso avançar na de infraestrutura? Sim, pois os dados do Fórum Econômico Mundial sugerem que temos um atraso gritante nessa seara, sobretudo em rodovias e ferrovias.

É preciso avançar nas privatizações? Sim, caso isso seja um desejo social e desde que o aparato regulatório do país melhore sensivelmente (ao contrário do que temos visto).

É preciso avançar na reforma administrativa? Sim, pois o que o Brasil gasta com funcionalismo (em % do PIB) é algo totalmente fora da curva entre países emergentes.

Enfim, certamente não são poucas as reformas necessárias para estimular o PIB potencial do país.

A questão é que o PIB não depende apenas do PIB potencial. Ele depende também do chamado “hiato do produto”, dado pela distância entre o PIB efetivo e o PIB potencial.

E a notícia triste é que o hiato do produto brasileiro está imensamente negativo e há muito tempo. As estimativas disponíveis sugerem que o PIB brasileiro está 5,5% abaixo do PIB potencial. Desde 2016!

Esse cenário requer medidas não só pelo lado da oferta mas também pela demanda. O que tem sido implementado nos últimos anos está claramente insuficiente para reverter a calamidade social em que nos metemos.

Em termos práticos, isso implica, em primeiro lugar, quedas mais agressivas da Selic. Se as quedas da taxa não se revelarem suficientes, teremos que rever nossas regras fiscais para destravar o investimento público. Além disso, seria importante reduzir a incerteza política, derivada de confusões que poderiam ser evitadas para o bem do país.

Do contrário, seguiremos acumulando frustração! Já dizia um grande economista que oferta sem demanda é que nem bater palmas com apenas uma mão. Que o pragmatismo viabilize futuras palmas para o PIB!

Ricardo Barboza é mestre em macroeconomia pela PUC-RJ e professor colaborador da Coppead/UFRJ

Erramos: o texto foi alterado

Diferentemente do informado em versão anterior deste texto, o autor da análise é Ricardo Barboza, mestre em macroeconomia pela PUC-RJ e professor colaborador da Coppead/UFRJ 

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