Siga a folha

Equipe de Guedes garante ao IBGE recursos para o Censo em 2022

Corte de verba coloca levantamento em xeque pelo terceiro ano seguido

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Brasília

A equipe do ministro Paulo Guedes (Economia) assegurou ao IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) que não faltarão recursos para o Censo em 2022.

A verba necessária, de R$ 2,3 bilhões, foi parcialmente cortada em relatório recente da Câmara —o que colocou em xeque a pesquisa pelo terceiro ano seguido.

O Censo deveria ter sido realizado em 2020, já que o levantamento é feito de dez em dez anos e o último foi executado em 2010. No ano passado, a pesquisa deixou de ser feita por causa da pandemia de Covid-19.

Nas discussões orçamentárias para o ano seguinte, em 2021, os recursos foram cortados, e o país ficou novamente sem os números. Agora, a promessa é que a pesquisa não deixará de ser feita.

Equipe do ministro Paulo Guedes (Economia) disse ao IBGE que não faltarão recursos para o Censo em 2022 - Pedro Ladeira - 22.out.21/Folhapress

A garantia foi dada em reunião técnica sobre o Censo, nesta terça-feira (14), em Brasília. Participaram do encontro o presidente do IBGE, Eduardo Luiz Gonçalves Rios Neto; o secretário especial de Tesouro e Orçamento, Esteves Colnago; o secretário de Política Econômica, Adolfo Sachsida; e servidores do instituto.

Os integrantes do IBGE ouviram de Colnago que, mesmo que o Congresso faça um corte durante a tramitação da proposta de Orçamento para 2022, não há dúvida de que o governo vai recompor as dotações necessárias para o Censo ser concluído no ano que vem.

Os secretários expressaram que a equipe econômica está empenhada na realização do Censo. O tema vem sendo acompanhado também pelo STF (Supremo Tribunal Federal), que obrigou o governo a fazer o Censo em 2022.

Inicialmente, o Executivo havia reservado apenas R$ 2 bilhões para realização do levantamento em 2022. O instituto, porém, afirmou que seriam necessários R$ 2,3 bilhões para fazer a pesquisa.

O estado do Maranhão, que já questionava a não realização do Censo em 2021, pediu ao Supremo para que mandasse o governo a destinar o valor informado pelo IBGE ao STF como necessário para a pesquisa.

Diante disso, o governo federal recuou e informou que iria acrescentar o valor restante (R$ 292 milhões) para a realização do Censo.

Nas últimas semanas, o Censo voltou a ficar em risco. Relatório setorial da CMO (Comissão Mista do Orçamento) passou a prever o uso de somente R$ 1,9 bilhão para o levantamento.

Rios Neto, presidente do IBGE, afirmou à Folha que o relator do Orçamento, deputado Hugo Leal (PSD-RJ), se comprometeu a recompor os valores após reuniões sobre o tema.

"Não há nenhuma razão para suspeitar que vamos chegar ao final sem essa harmonia e a sanção do presidente. Essa é minha expectativa. E a postura do IBGE é harmoniosa, não belicosa", disse o presidente do IBGE.

Leal também fez a promessa publicamente. "O Censo sairá em 2022. São R$ 2,292 bilhões no Orçamento. Não tem erro. O presidente do IBGE esteve aqui e nós acertamos isso e está tudo recomposto", afirmou o relator em rede social no domingo (12).

O presidente do IBGE já comanda a preparação para o Censo de 2022, que começou por meio de reuniões técnicas.

No começo do mês, o Ministério da Economia autorizou processo seletivo simplificado para mais de 207 mil vagas para o Censo. A organização do processo seletivo será feita pela FGV (Fundação Getulio Vargas).

Não há nenhuma razão para suspeitar que vamos chegar ao final sem essa harmonia e a sanção do presidente. Essa é minha expectativa

Eduardo Luiz Gonçalves Rios Neto

Presidente do IBGE

Ainda não há um calendário definido para o começo das pesquisas de campo —quando os pesquisadores saem às ruas e entrevistam a população de casa em casa—, mas a expectativa é que isso seja iniciado a partir de maio. "Posso fazer até em outubro. O que eu quero é um Censo bem feito", disse Rios Neto.

O Censo em 2022 é planejado após uma sucessão de problemas ligados ao assunto.

Em março, após o Congresso cortar a maior parte dos recursos destinados à pesquisa nacional, a então presidente do IBGE, Susana Cordeiro Guerra, pediu exoneração do cargo. Na época, Guedes culpou o Congresso pela tesourada.

Ex-presidentes do instituto também disseram em março que um novo adiamento da pesquisa deixaria "o país às cegas" e disseram que, sem o Censo, o Brasil estava se juntando a Haiti, Afeganistão, Congo, Líbia —países que há mais de 11 anos não têm informação estatística adequada.

No encontro desta terça, a equipe de Guedes buscou desfazer o clima de tensão entre a pasta e o IBGE desde que o ministro, insatisfeito com dados do desemprego, afirmou que o instituto estava na "idade da pedra lascada".

Sachsida agradeceu pelo trabalho do IBGE durante a pandemia, disse que o instituto tem um trabalho de referência internacional e reclamou em tom de brincadeira que não tinha ganhado um colete do órgão —sendo prontamente presenteado com um, o qual vestiu sob aplausos.

O presidente do IBGE aproveitou o clima favorável com o Ministério da Economia para lembrar os secretários de outras demandas.

Entre elas estão a que o instituto seja contemplado com ao menos parte da verba para concursos públicos em 2022 e a que recursos para contratações sejam previstos também em 2023.

"É inegável que estamos muito abaixo do volume ideal de servidores permanentes. Há várias pessoas esperando acabar o Censo para se aposentar", disse Rios Neto à reportagem.

Além disso, ele pede que os funcionários temporários —selecionados por meio de processo seletivo simplificado— possam ficam por um prazo maior, de cinco anos, em vez dos atuais três anos.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas