Grandes redes de comércio têm alta no consumo de energia
Crescimento puxado por supermercados foi impulsionado pelos auxílios do governo, diz associação
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Grandes redes de comércio tiveram aumento de 19,2% no consumo de energia elétrica em julho deste ano em comparação com o mesmo mês de 2021. O crescimento foi impulsionado pelas redes de hiper e supermercados, que tiveram uma alta no consumo de 13,4%, segundo dados da CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica).
Para Talita Porto, vice-presidente da entidade, o crescimento reflete uma recuperação da atividade comercial após uma queda no segundo trimestre do ano.
Ela atribui o aumento no consumo de energia em julho a um maior movimento no comércio que, apesar da inflação, foi impulsionado pelos auxílios às famílias mais vulneráveis.
Os dados consideram apenas os consumidores do chamado Mercado Livre de Energia, que inclui empresas com demanda mensal maior ou igual a 500 kW — o equivalente a uma conta de cerca de R$ 150 mil. Para essas empresas, a obtenção de energia ocorre sem o intermédio de distribuidoras.
A CCEE também divulgou nesta sexta (19) o gasto de energia geral do país em julho. O mercado livre e a energia regulada (que passa pelo intermédio de distribuidoras) registraram juntos uma alta de 2,6% em relação a julho de 2021.
Dados da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) mostram que, no mês de julho, a intenção de consumo das famílias brasileiras também aumentou. Foi 1,2% superior a junho e 18% na comparação anual.
O aumento no consumo de energia segue a tendência do primeiro semestre. Apesar da atividade econômica ter perdido o ritmo de crescimento entre maio e junho, o comércio teve um consumo de energia 14,2% maior no primeiro semestre de 2022 do que no mesmo período do ano anterior.
A Pesquisa Mensal de Comércio do IBGE mostra que, nesse mesmo período, o aumento da receita dos varejistas foi de 16,9%.
Segundo Carla Beni Menezes de Aguiar, professora de economia dos MBAs da FGV (Fundação Getulio Vargas), a melhora do comércio no primeiro semestre já era esperada devido ao fim das medidas restritivas contra a Covid-19. Ela aponta, entretanto, que no terceiro bimestre esse crescimento foi desacelerado pelos juros, pela inflação e pelo alto nível de endividamento da população.
A economista concorda que os aumentos dos gastos com energia em julho podem refletir uma melhora impulsionada pelos auxílios, mas não acredita que surgiu, necessariamente, uma tendência de melhora.
O estado que teve o maior aumento no consumo de energia em julho foi o Mato Grosso do Sul, com um crescimento de 103,1%. Para Porto, esse aumento se deu devido ao maior uso de ar-condicionado.
O único que não registrou aumento foi o Rio Grande do Norte, com queda de 6,4%. Segundo a CCEE, o Estado possui uma base de gasto energético pequena e, por isso, variações pontuais de consumidores podem explicar essa queda acentuada.
Expectativa para o segundo semestre
Segundo Porto, a previsão é que nos próximos meses o crescimento continue em função de uma melhor expectativa para o PIB nacional.
Para Aguiar, a tendência para os próximos meses ainda é incerta. Os auxílios podem promover um aumento do consumo de bens, mas o alto nível de endividamento da população pode impedir um crescimento mais acentuado. Um levantamento divulgado no último dia 9 aponta que 78% das famílias brasileiras estão endividadas e 10,7% declaram não ter como quitar as suas dívidas.
Apesar do segundo trimestre desanimador, o varejo e a indústria também esperam um segundo semestre mais favorável. Para os empresários, o lançamento do 5G deve impulsionar a venda de celulares e, no último trimestre, Copa, Black Friday e Natal devem movimentar a economia.
Na última quinta-feira (18), o presidente do conselho de administração do BTG Pactual, André Esteves, disse esperar um bom desempenho do mercado brasileiro, independentemente de quem vença as eleições.
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