Política fiscal após eleição preocupa gestores, games sentem ressaca da pandemia e o que importa no mercado
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Gestores preocupados com fiscal após eleições
A preocupação dos gestores de fundos acerca da política fiscal brasileira após as eleições aumentou consideravelmente em relação ao último mês, segundo sondagem do Bank of America divulgada nesta terça (16).
O levantamento também mostra que os especialistas estão mais otimistas com a Bolsa brasileira para o fim do ano depois do rali nos preços dos ativos observado nas últimas semanas.
Em números:
- Política fiscal pós-eleição: mais de 60% disseram estar preocupados com a saúde das contas públicas a partir de 2023, aumento em relação aos 40% do levantamento de julho.
- Repercussão das pesquisas: 75% dos gestores esperam que as sondagens eleitorais impactem nos preços dos ativos. Em julho, essa fatia era um pouco abaixo de 70%.
- Preocupação com eleições: mais de 60% das respostas foram de que não estão preocupados, acima do número de cerca de 45% apurado em julho.
- Situação fiscal neste ano: o temor diminuiu e atinge cerca de 20% dos gestores. Em julho, eram mais de 40%.
- Estimativa com Ibovespa: em agosto, 80% dos que responderam veem o índice da Bolsa brasileira acima dos 110 mil pontos ao fim do ano. Em julho, eram apenas 45%.
Mais sobre Bolsa e investimentos:
- As ações das fintechs brasileiras Nubank e Banco Inter dispararam nas Bolsas americanas nesta terça (16) após as divulgações de seus resultados. O Nubank teve alta de 17.9%, enquanto o Inter viu seus papéis subirem 9,7%.
- É melhor aplicar no Tesouro IPCA de vencimento curto ou longo para a aposentadoria? Leia a opinião de Michael Viriato no blog De Grão em Grão.
Pobres sentem mais inflação
A diferença entre a inflação dos 10% mais ricos e a dos 10% mais pobres chegou a 0,69 ponto percentual em julho, o maior valor desde dezembro de 2020, segundo a FGV.
Em números: as famílias na faixa de 1 a 1,5 salários mínimos tiveram deflação de 0,36% no mês passado, enquanto aquelas com renda entre 11,5 a 33 mínimos sentiram uma queda de preços de 1,05% —praticamente o triplo.
- Em 12 meses, o IPC da FGV acumula alta de 7,82% para os mais pobres e 7,43% para os mais ricos.
O que explica: a diferença está na dinâmica da alta de preços no último mês e como ela atinge a população de forma diferente.
- A inflação dos alimentos tem maior peso no bolso dos mais pobres e acelerou em julho, fenômeno que também foi observado no fim de 2020.
- Por outro lado, há queda da inflação de transportes, educação e recreação, que consomem uma fatia maior do orçamento da alta renda.
Agosto também deve ter deflação: o IPCA deve terminar o mês atual em queda, assim como aconteceu em julho.
O recuo dos preços era projetado em 0,20% pelo mercado na última semana, mas deve ser ainda maior após o novo corte no preço da gasolina anunciado pela Petrobras na segunda (15).
Mais sobre preço da gasolina:
Mesmo depois da redução, o combustível no país ainda é comercializado acima da paridade de importação, segundo a Abicom (associação dos importadores). Ou seja, há margem para novos cortes, caso o petróleo e o dólar se mantenham no patamar atual.
O preço do litro de leite engatou escalada nos últimos meses e já está mais caro que o da gasolina em cidades como São Paulo, indicam pesquisas.
Games sentem ressaca da pandemia
A euforia da pandemia para o mercado de games parece ter chegado ao fim.
Depois de uma forte expansão em 2020 e 2021, resultados de produtoras e de fabricantes de consoles mostram uma queda na demanda dos usuários, ainda que ela esteja superior ao pré-pandemia.
O que explica: o fim das restrições tirou as pessoas de casa, e os games passaram a competir com outras formas de entretenimento. Tem ainda o impacto da inflação, que leva o consumidor a repensar seus gastos e cortar itens não essenciais.
- Também pesam os aspectos relacionados à dinâmica do setor, como o menor lançamento neste ano de jogos de grande expressão, que costumam alavancar as vendas.
Games são imunes à recessão? Essa impressão ganhou força na segunda metade dos anos 1990 e início dos anos 2000, quando o setor crescia forte e sentia pouco as crises, explica Tiago Ribas na edição desta semana da Combo, a newsletter de games da Folha (inscreva-se aqui).
- Hoje, esse mercado está mais consolidado. Ainda que as empresas tenham apresentado crescimento de dois dígitos no auge da pandemia, a tendência daqui em diante é de uma alta mais tímida, mas ainda assim consistente.
Números que comprovam a desaceleração:
- Os gastos do consumidor de games serão de US$ 55,5 bilhões (R$ 284,9 bilhões) nos EUA em 2022, 8,7% a menos que no ano passado, segundo o escritório NPD.
- Entre abril e junho deste ano, a Nintendo registrou uma diminuição de 23% na venda de consoles e de 8,6% na de jogos em relação ao mesmo período do ano anterior.
- A Microsoft teve queda na venda de hardwares de 11% e de 6% em softwares, enquanto a Sony até viu alta de 4% nas vendas do PlayStation 5, mas retração de 26% na venda de jogos para PS4 e PS5.
Vítimas de suposta pirâmide pedem R$ 7 bi na Justiça
Um grupo de vítimas de um golpe que prometia retornos de até 7% ao mês com a compra e venda de bitcoins busca na Justiça o ressarcimento de R$ 7 bilhões da empresa Atlas Quantum.
A ação civil pública foi proposta pelo IPGE (Instituto de Proteção e Gestão do Empreendedorismo).
O processo: o grupo acusa a empresa de crimes contra o sistema financeiro e da prática de pirâmide financeira.
- As vítimas afirmam que a Atlas e outras empresas ligadas a ela sequestraram dos clientes cerca de R$ 4 bilhões em criptoativos e pedem ainda 40 salários mínimos como indenização a cada um dos que foram lesados.
- Estima-se que são 39 mil clientes no Brasil e 200 mil em todo o mundo.
Procurada pela Folha desde o último dia 5, a Atlas Quantum não respondeu aos emails e os telefones informados na internet não funcionam. O escritório de advocacia que atende a empresa na Justiça não quis se manifestar.
Como funcionava a Atlas Quantum: a empresa prometia arbitragem (compra e venda de bitcoins) por meio de um robô exclusivo chamado quantum. Ela chegou inclusive a promover seus serviços em propagandas na TV aberta.
- Nos contratos, era oferecida aos clientes rentabilidade de 1% a 6% do valor investido. O pagamento era honrado no início, sustentado com a entrada de novos investidores, como em um esquema de pirâmide financeira.
- Tudo veio abaixo em 2019, após a CVM encontrar indícios de irregularidades e proibir novos negócios. Os clientes então tentaram sacar seus recursos, o que não conseguiram fazer até hoje.
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