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Calopsita, cobra e o chihuahua Darlan: mercado de transporte aéreo de pets cresce

Empresas do setor projetam aumento em 2024

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São Paulo

Supervisora da GolLog no Aeroporto de Congonhas, na capital paulista, Patrícia da Silva coleciona histórias sobre transporte aéreo de animais.

Houve a mulher desesperada ao descobrir que sua calopsita não poderia acompanhá-la na cabine. A ave, da mesma família dos papagaios e capaz de repetir sons humanos, começou a imitar a dona e parecia que as duas choravam no momento da separação.

Outra passageira ficou revoltada porque não pôde levar uma cobra ao seu lado. Seu argumento era simples: animais de estimação são permitidos (acreditava ela). E aquele era seu pet.

O único jeito era despachar no porão do avião, como fez a dona de Darlan, um chihuahua de quatro meses com destino a Presidente Prudente, no interior de São Paulo.

O cão Darlan na caixa utilizada para transporte de animais pela GolLog, em Congonhas - Zanone Fraissat/Folhapress

"Teve também o embarque do cachorro que custou R$ 12 mil. O dono disse que não importava o preço nem a distância. Era um jogador do São Paulo. O valor é cobrado pela dimensão, peso e caixa", explica Patrícia.

O transporte aéreo de animais está em alta e deve continuar assim em 2024, esperam as companhias aéreas.

A GolLog, serviço de transporte de cargas e encomendas da Gol, companhia aérea em dificuldades financeiras pertencente ao Grupo Abra, levou 36 mil animais no ano passado. Tratou-se de um aumento de 3.000 clientes em relação a 2022.

No dia 25 de janeiro, a Gol entrou com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos. Segundo a assessoria de imprensa da companhia, a dívida é de R$ 20,2 bilhões, mas no pedido de recuperação aceito pela Justiça dos EUA, constam US$ 8,3 bilhões, o que dá R$ 40 bi.

Em entrevista, o CEO Celso Ferrer citou o lucro operacional recorde no ano passado como motivo de otimismo e, segundo ele, a GolLog é um dos fatores.

Houve crescimento em transporte de animais também na Latam.

A companhia levou 5.630 animais nos porões de seus voos e 57.651 cães e gatos (as únicas espécies permitidas) nas cabines em 2023. Isso representou evolução de 21% em comparação com os 12 meses anteriores.

A Azul não tem divisão de despacho de animais e permite que isso ocorra apenas na cabine. Segundo a companhia, foram 53 mil pets embarcados, um avanço de 16%.

GolLog e Azul projetam evolução em 2024. A primeira prevê 15% de crescimento e afirma que o transporte de animais representa 2,3% do faturamento da empresa, que tem como maior cliente o Mercado Livre. Para a Azul, serão mais 20% neste ano.

O cão Darlan em caixa de transporte na sala reservada para embarque de animais na Gol no aeroporto de Congonhas - Zanone Fraissat/Folhapress

"É um mercado dinâmico e específico. É preciso tratar os animais como se fossem filhos. A gente tem de enxergar essa necessidade e trazer isso para o cliente. Há quem compre o pet via internet e ele é enviado pela GolLog. Quem comprou está ansioso para receber", afirma o diretor Rafael Martau.

As demandas para transporte podem ser diferentes. A empresa despachou recentemente um filhote de tubarão para Navegantes (SC). Foi preparada uma caixa de madeira com isolante. O animal foi colocado dentro, em um plástico lacrado e cheio de água.

Em 2023, foram carregados também, além de cães, gatos e tubarões, macacos-prego, micos-leões-dourados, corujas, tamanduás, flamingos, águias, tucanos, onças, lêmures, leopardos, cachorros-vinagre, cervos e pinguins.

As empresas que transportam os animais no porão avisam o comandante sobre a carga viva que está a bordo. Ele faz com que o ar da cabine de passageiros passe pelo espaço das bagagens, assim a temperatura não fique tão fria.

Os bichos são colocados em uma área isolada e próxima aos computadores, também para ficarem mais aquecidos.

O preço para levar o animal no porão varia de acordo com peso, tamanho e distância da viagem, mas pode partir de R$ 350. A Azul cobra R$ 250 por um cão ou gato na cabine.

As empresas que fazem esse tipo de serviço cobiçam, em 2024, a expansão do transporte de animais de grande porte e para zoológicos. No caso da GolLog, o interesse também é expandir o serviço para rotas internacionais.

Há preocupação com a imagem. Após o caso Pandora, a cadela que foi perdida em uma conexão de voo da Gol no aeroporto internacional de Guarulhos (SP) em 15 de dezembro de 2021, a GolLog criou um comitê de crise para animais.

Pandora ficou desaparecida por 45 dias, até ser encontrada e devolvida ao dono. Entidades em defesa dos animais fizeram protestos contra a companhia aérea.

"A repercussão do evento mostra o quanto é crítico o transporte desse tipo de cliente. A gente já se organizou para esses tipos de eventos, e houve muitas lições aprendidas", diz Martau.

Para tranquilizar donos de animais, a GolLog oferece um serviço em que fotos do animal e de alguns momentos da viagem são tiradas e enviadas ao dono ou dona, para que se certifique de que o pet está bem.

Nos aeroportos de Guarulhos e Salvador (BA), foram criados espaços chamados de pet play, para os animais ficarem com os donos antes do embarque.

A Latam tem o programa Avião Solidário, que faz transporte gratuito de animais em casos de emergência de saúde, do meio ambiente e de catástrofes.

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