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Dólar aprofunda queda e Bolsa sobe com sinalizações de Powell sobre corte nos juros

Presidente do Fed afirmou que 'chegou a hora' de começar o afrouxamento monetário durante discurso em Jackson Hole

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São Paulo

O dólar tinha forte queda nesta sexta-feira (23), com os investidores repercutindo o discurso de Jerome Powell, presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos), em simpósio em Jackson Hole.

Em meio à expectativa por sinalizações sobre a trajetória da política monetária americana, ele afirmou que "chegou a hora" de reduzir os juros. A fala ocorreu no encontro anual de autoridades de bancos centrais, evento mais aguardado da semana por investidores.

Em resposta, o dólar aprofundava queda a 1,93%, cotado a R$ 5,481 às 15h51. Já a Bolsa avançava para 0,69%, aos 136.110 pontos.

Na quinta-feira (22), o dólar subiu 1,97%, maior alta desde 19 de abril de 2023, quando saltou 2,21%, e a Bolsa interrompeu a sequência de avanços e caiu 0,95%, aos 135.173 pontos, em dia de realização de lucros - Reuters

A tônica dos últimos dias tem sido o estado da economia e a política monetária dos Estados Unidos. O discurso de Powell em Jackson Hole confirmou as apostas de que o Fed irá iniciar o ciclo de afrouxamento monetário na próxima reunião, em movimento aguardado pelos mercados há mais de um ano.

No simpósio, o presidente do banco central americano disse que os riscos crescentes para o mercado de trabalho não deixam espaço para os juros altos e a inflação está a caminho de alcançar a meta de 2%.

"Os riscos de alta para a inflação diminuíram. E os riscos de queda para o emprego aumentaram", disse. "Chegou a hora de ajustar a política. A direção a ser seguida é clara, e o momento e o ritmo dos cortes nos juros dependerão dos dados que chegarem, da evolução das perspectivas e do equilíbrio dos riscos."

O Fed trabalha com um mandato duplo, isto é, observa de perto dados de inflação e do mercado de trabalho. O objetivo é atingir o chamado "pouso suave", no qual o índice inflacionário converge para a meta sem maiores danos à empregabilidade do país.

Temores em relação aos números de desemprego criaram uma ansiedade adicional nas últimas semanas sobre o estado da economia americana, em meio à convergência da inflação à meta.

Em relatório divulgado na quinta-feira, os pedidos de auxílio desemprego aceleraram para 232 mil na semana encerrada em 17 de agosto, ante expectativa de 230 mil de analistas consultados pela Reuters. Na leitura semanal anterior, haviam sido 228 mil pedidos.

Os números vieram após uma revisão na quarta-feira mostrar que os Estados Unidos criaram 818 mil empregos a menos do que o divulgado anteriormente nos 12 meses até março.

"Faremos tudo o que pudermos para apoiar um mercado de trabalho forte à medida que progredimos em direção à estabilidade de preços. Com uma redução apropriada da restrição da política monetária, há boas razões para pensar que a economia voltará a ter uma inflação de 2%, mantendo um mercado de trabalho forte", afirmou Powell.

O discurso veio em linha com a ata da reunião de julho, cuja resolução foi por manter a taxa de juros inalterada na faixa de 5,25% e 5,50%.

A minuta indicou que a grande maioria dos diretores de Política Monetária está inclinada a um corte na taxa a partir do encontro de setembro "se os dados permanecerem dentro do esperado". Vários deles, aliás, se mostraram dispostos a um corte na própria reunião passada.

Powell adotou uma "postura prudente" ao não indicar a magnitude do corte, na análise de Yuri Alves, economista da Guide Investimentos.

"Ele enfatizou a necessidade de cautela, sinalizando que os cortes nas taxas de juros acontecerão de maneira gradual e dependente dos dados econômicos", afirma. A indefinição moderou as expectativas do mercado quanto a cortes mais agressivos, como de 0,50 ponto percentual, "especialmente diante de dados mistos, como o esfriamento do mercado de trabalho e consumo ainda resiliente".

Na visão dele, os investidores esperavam um compromisso mais explícito com cortes maiores, ainda que os mercados acionários daqui e dos Estados Unidos estejam reagindo com otimismo.

Na ferramenta CME FedWatch, operadores passaram a ajustar apostas: 67,5% deles enxergam probabilidade de uma redução de 0,25 ponto percentual, ante 73% da véspera. O de maior intensidade, de 0,50 ponto, reúne agora 32,5% dos investidores, em comparação aos 28% de quinta-feira.

Em Wall Street, o Dow Jones subia 0,61%, a 40.962,77 pontos, enquanto o S&P 500 tinha alta de 0,56%, a 5.601,58 pontos, e o Nasdaq Composite avançava 0,74%, a 17.749,03 pontos.

Por aqui, o discurso ainda provocava quedas sólidas nas curvas de juros futuros, com investidores projetando que uma taxa mais baixa nos EUA abre espaço para uma Selic menor no Brasil.

A taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 11,47%, em queda de 0,12 ponto percentual, enquanto a taxa para janeiro de 2027 estava em 11,445%, com recuo de 0,15 ponto.

A perspectiva de juros mais baixos nos EUA derruba os rendimentos dos Treasuries, os títulos ligados ao Tesouro americano, e gera um maior apetite por ativos de maior risco, porque aumenta os diferenciais de juros entre a maior economia do mundo e outros países.

Nos mercados de câmbio, isso significa o abandono do dólar e uma busca por moedas como o real e outros pares emergentes para operações de "carry trade". A moeda norte-americana recuava mais de 1% contra o peso mexicano, o peso colombiano e o rand sul-africano.

Na quinta-feira, o avanço dos rendimentos dos Treasuries e ruídos na comunicação de membros do BC (Banco Central) levaram o dólar a disparar 1,97%, aos R$ 5,589, no que foi a maior disparada da moeda desde 19 de abril de 2023, quando subiu 2,21%.

Já a Bolsa interrompeu a sequência de avanços e caiu 0,95%, aos 135.173 pontos, em dia de realização de lucros após o Ibovespa renovar recordes por três pregões consecutivos.

Com Reuters

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