Descrição de chapéu Financial Times

Inflação nos Estados Unidos cai para 2,9% em julho

Dados surgem enquanto Fed considera cortar taxas de juros em setembro

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Colby Smith Harriet Clarfelt
Nova York | Financial Times

A inflação nos Estados Unidos caiu para 2,9% em julho, fortalecendo o argumento para que o Fed (Federal Reserve) corte as taxas de juros em sua próxima reunião em setembro.

O aumento anual no CPI (índice de preços ao consumidor) foi de apenas 0,1 ponto percentual abaixo da taxa de junho, superando expectativas dos economistas de que a cifra se manteria estável em 3%.

Esta também é a primeira vez que o CPI principal ficou abaixo de 3% desde março de 2021.

A imagem mostra o interior de um supermercado, onde duas pessoas estão fazendo compras. Em primeiro plano, há uma exibição de pacotes de carne, com um sinal amarelo destacando o preço de '13,99' para um pacote de frango. Ao fundo, prateleiras estão cheias de produtos variados, incluindo bebidas e outros itens alimentícios.
Pessoas em um supermercado em Montebello, na California; esta é a primeira vez que o índice de preços ao consumidor principal ficou abaixo de 3% desde março de 2021 - Frederic J. Brown - 15.mai.2024/AFP

O CPI núcleo, que exclui os preços voláteis de alimentos e energia, subiu 3,2%, em comparação com 3,3% em junho, de acordo com dados publicados pela Secretaria de Estatísticas Trabalhistas dos Estados Unidos nesta quarta-feira (14).

Os números mais recentes serão bem recebidos na Casa Branca e aumentarão as esperanças de que o Fed está conseguindo conter as pressões de preços. O descontentamento dos eleitores dos EUA com a inflação tem sido um obstáculo para os democratas na campanha eleitoral presidencial deste ano.

"De modo geral, acho [os dados] encorajadores", disse David Kelly, estrategista global chefe da JPMorgan Asset Management, acrescentando que isso deve dar ao Fed "mais confiança" de que as pressões de preços estão se dirigindo para sua meta de 2%.

Os funcionários do Fed têm buscado mais evidências de que a inflação está esfriando de forma sustentável antes de reduzir os custos de empréstimos, já que os americanos mostram sinais de contenção de gastos.

No entanto, uma queda acentuada no crescimento de empregos no início deste mês alimentou temores de que o Fed tenha esperado muito tempo para cortar as taxas, e provocou uma onda de turbulência nos mercados financeiros dos EUA.

"Acho que o Fed passou da inflação para o trabalho", disse Tom Porcelli, economista-chefe dos EUA na PGIM Fixed Income, referindo-se ao foco da instituição em determinar quando reduzir os custos de empréstimos. "Acho que este relatório só reforçará essa mudança."

Kelly acrescentou que o relatório de empregos de agosto, que será divulgado no início de setembro, "será o mais importante do ano".

Antes da divulgação dos dados desta quarta-feira (14), os investidores estavam divididos sobre se o Fed entregaria uma redução de 0,25 ponto ou 0,5 ponto nos custos de empréstimos em sua próxima reunião em setembro.

Após os números, os mercados futuros se moveram marginalmente a favor do corte menor. Os investidores continuaram a esperar um ponto percentual completo de cortes até o final do ano.

"O ponto principal é que isso mantém o Fed no caminho para 25 pontos base em setembro", disse Dean Maki, economista-chefe da Point72. "Acho que para o Fed cortar 50 pontos base em setembro seria necessário um enfraquecimento adicional no mercado de trabalho."

As ações blue-chip, referentes a empresas de grande porte, dos EUA estavam ligeiramente mais altas, com o índice de referência S&P 500 subindo menos de 0,1% durante o horário de almoço em Nova York, embora o Nasdaq Composite, fortemente voltado para a tecnologia, tenha caído 0,4%.

Nos mercados de títulos do governo, o rendimento do Tesouro de dois anos, sensível às taxas de juros, permaneceu praticamente inalterado em relação aos níveis anteriores a divulgação dos dados de inflação.

Os dados mais recentes vêm após o Fed aumentar rapidamente as taxas de juros para combater a inflação que atingiu máximas de várias décadas em 2022 devido a gargalos de oferta e um aumento na demanda após a pandemia de covid-19.

O banco central dos EUA manteve as taxas no nível mais alto dos últimos 23 anos, de 5,25% a 5,5% por mais de um ano.

Os aumentos nas despesas relacionadas à habitação representaram quase 90% do aumento mensal de 0,2% do CPI, de acordo com o BLS. Isso também ajudou a elevar a inflação dos serviços para 0,3% no mês.

O índice de energia permaneceu inalterado em julho, após dois meses consecutivos de quedas, e os custos relacionados a passagens aéreas, vestuário e veículos usados ajudaram a amortecer a taxa geral de inflação.

O presidente dos EUA, Joe Biden, disse na quinta-feira (7) que os números mais recentes mostraram que "continuamos a fazer progressos no combate à inflação e na redução dos custos para as famílias americanas".

De acordo com dados divulgados no início deste mês, o mercado de trabalho dos EUA cresceu mais lentamente do que o esperado em julho. A taxa de desemprego também aumentou por quatro meses consecutivos, para 4,3%, alimentando temores de que a economia esteja enfraquecendo.

Alguns economistas alertaram que, a menos que o banco central americano corte os custos de empréstimos drasticamente em breve, corre o risco de desencadear uma contração econômica mais severa.

O presidente do Fed, Jay Powell, argumentou que a inflação pode retornar à meta de 2% sem uma recessão.

Ele também disse que o banco central responderia "se o mercado de trabalho enfraquecesse inesperadamente ou se a inflação caísse mais rapidamente do que o previsto".

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