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Dólar sobe e Bolsa cai, com nova bateria de dados e corte de juros do BCE no radar

Investidores repercutiam números do mercado de trabalho dos EUA, de olho nos impactos nos juros; na Europa, taxa caiu 0,25 ponto

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São Paulo

O dólar apresenta alta nesta quinta-feira (12), com investidores repercutindo uma nova bateria de dados domésticos e dos Estados Unidos, além do corte nos juros pelo BCE (Banco Central Europeu).

Às 11h40, a moeda subia 0,24%, cotada a R$ 5,662 na venda. Já a Bolsa recuava 0,74%, aos 133.668 pontos, com as empresas pesos-pesados, Vale e Petrobras, operando em direções opostas.

Nesta manhã, o mercado analisava mais uma rodada de divulgações macroeconômicas em busca de sinais sobre as próximas decisões de política monetária, daqui e do exterior.

Na quarta-feira, o dólar fechou com leve queda de 0,07%, a R$ 5,649, e a Bolsa teve alta de 0,27%, aos 134.676 pontos - Reuters

Os pedidos iniciais de auxílio-desemprego nos Estados Unidos ficaram em 230 mil na semana encerrada em 7 de setembro, em linha com o esperado e pouco acima dos 228 mil da leitura anterior. O relatório, antes tido como secundário por operadores financeiros, passou a ser observado de perto em meio à mudança de foco do Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano) para o mercado de trabalho.

A autoridade monetária trabalha com um mandato duplo, isto é, observa de perto os dados de inflação e emprego para decidir sobre os juros. O objetivo é atingir o chamado "pouso suave", quando índices inflacionários convergem para a meta sem maiores danos ao mercado de trabalho do país.

Na quarta-feira, o índice de preços ao consumidor (PCE, na sigla em inglês) mostrou que a inflação desacelerou na base anual para 2,5% em agosto, ante 2,9% em julho. O resultado mostra uma convergência à meta de 2%, ao passo que, no mercado de trabalho, as últimas leituras têm indicado enfraquecimento.

O relatório de emprego "payroll" (folha de pagamento, em inglês), divulgado na sexta-feira passada, mostrou que a economia dos EUA abriu menos vagas do que o esperado, ainda que em uma desaceleração ordenada e sem grandes deteriorações nas taxas de ocupação.

A leitura do mercado é que, para atingir o "pouso suave", o Fed irá cortar os juros de forma gradual a partir da próxima reunião de política monetária, que acontece na semana que vem entre os dias 17 e 18 de setembro. A taxa está na faixa de 5,25% e 5,50% desde junho do ano passado —o patamar mais restritivo em duas décadas.

As apostas de um corte de 0,25 ponto percentual agora reúnem 87% dos agentes financeiros, segundo a ferramenta FedWatch do CME Group. As de uma redução maior, de 0,50 ponto, perderam força e concentram os 13% restantes.

Ainda na cena externa, o BCE realizou um novo corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juros, para 3,50%, em movimento amplamente esperado pelos investidores. No entanto, a autoridade monetária não indicou o chamado "guidance", isto é, sinalizações sobre as decisões futuras.

"A reunião do BCE de hoje mostrou o que já se era esperado, autoridades seguindo o roteiro sem desviar do padrão de 'dependência dos dados'", disse Eduardo Moutinho, analista de mercados do Ebury Bank.

"Contudo, a revisão para baixo nas previsões de crescimento reforça nossa visão para a reunião do Fed de setembro, em que um corte de menor magnitude deve ser acompanhado por uma revisão considerável nas projeções, o que apoiaria o argumento de um dólar mais fraco", completou.

Dessa forma, apesar de estar perdendo ante seus pares fortes, o dólar oscilava frente a moedas emergentes, com variações de até 0,2% para cima ou para baixo contra o peso mexicano, o peso colombiano e o rand sul-africano.

O dólar, em tese, costuma se depreciar globalmente à medida que os juros dos EUA caem, já que a queda nos rendimentos da renda fixa americana estimula a busca por ativos de maior risco. Para o real, porém, há ainda outro fator de relevância: a taxa básica de juros do Brasil, a Selic, atualmente em 10,50% ao ano.

Desde a última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), em julho, dirigentes do BC (Banco Central) têm reiterado que um novo ciclo de aperto está à mesa para levar a inflação de volta ao centro da meta, caso os dados macroeconômicos indiquem necessidade.

O comitê trabalha com a meta de inflação em 3%, definida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional, órgão ligado ao Ministério da Fazenda) e com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo. A taxa básica de juros é o principal instrumento do BC para controlar a alta de preços.

Na terça-feira, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostrou que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), indicador oficial do país, teve queda de 0,02% em agosto. O mercado projetava leve variação positiva de 0,01%, de acordo com a agência Bloomberg.

Com os dados de agosto, o IPCA passou a registrar uma inflação menor, de 4,24%, no acumulado de 12 meses. É uma desaceleração ante a taxa de 4,5% até julho, quando estava no teto da meta trabalhada pelo BC.

A deflação, no entanto, não reverteu apostas de que a Selic irá subir já na próxima reunião do BC, também marcada para os dias 17 e 18 de agosto. A percepção do mercado foi reforçada com dados do setor de serviços, divulgados pelo IBGE na quarta, e vendas no varejo, nesta quinta.

A atividade do serviços subiu 1,2% em julho e renovou o patamar recorde, ante expectativa de recuo de 0,1%. Já no varejo, o avanço foi de 0,6%, ligeiramente acima da projeção de 0,5%, depois de retrair 0,9% em junho.

O resultado reforça o cenário de uma economia forte e aquecida, com potencial de gerar pressões inflacionárias nos próximos meses.

"As apostas de aumento na Selic cresceram significativamente depois dos dados, mas o BC deve fazer isso de forma gradual e cautelosa, porque, caso se materialize, o aumento nos juros daqui coincide com a queda dos juros nos Estados Unidos", diz o economista André Galhardo, consultor econômico da plataforma de transferências internacionais Remessa Online.

Com isso, operadores colocavam 91% de chance de uma alta de 0,25 ponto percentual na Selic e 9% para 0,50 ponto, segundo a agência Reuters.

Quanto maiores os juros no Brasil e menores nos Estados Unidos, melhor para o real, que se torna mais atraente para investimentos de "carry trade" —isto é, quando investidores tomam empréstimos a taxas baixas e aplicam recursos em moedas de países de taxas altas, para rentabilizar sobre o diferencial de juros.

Já na cena corporativa, Vale subia 1,19%, mas era contrabalançada pelas perdas de mais de 1% dos papéis preferenciais e ordinários da Petrobras. O Ibovespa ainda era puxado para baixo pelo setor bancário, com boa parte dos grandes bancos também operando em qued

Com Reuters

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