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Galípolo soma apoios, mas cúpula do Senado expõe mal-estar com governo

Fala de ministro sobre sabatina incomodou senadores; votação ainda não tem data

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Brasília

Indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao comando do Banco Central, Gabriel Galípolo somou apoios até mesmo da oposição nesta terça-feira (3) em "beija-mão" no Senado.

A cúpula da Casa, contudo, expôs mal-estar com o governo Lula e deixou a data da sabatina na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) em aberto.

Segundo relatos ouvidos pela Folha, Galípolo tem sido bem recebido pelos senadores e demonstrado habilidade nas conversas, reforçando a expectativa de um placar forte na aprovação de seu nome.

Indicado à presidência do Banco Central, Gabriel Galípolo conversa com senadores petistas Randolfe Rodrigues, Humberto Costa e Teresa Leitão - Divulgação/PT

Nesta terça, o principal questionamento dos parlamentares foi sobre o desempenho da economia brasileira depois da surpresa positiva do crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) no segundo trimestre.

O senador Ciro Nogueira (PI), presidente do PP e ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL), recebeu Galípolo no gabinete e disse à reportagem que ele terá seu "apoio total".

Apesar do bom trânsito de Galípolo, a cúpula do Senado fez questão de manifestar desconforto com o governo por temas como a distribuição de emendas e o projeto de lei da dívida dos estados.

Os senadores também não gostaram do PLOA (Projeto de Lei Orçamentária Anual) de 2025, que manteve a reoneração integral da folha de pagamentos de empresas de 17 setores e municípios e, ao mesmo tempo, prevê uma alta adicional de impostos para arrecadar R$ 21 bilhões.

O presidente da CAE, Vanderlan Cardoso (PSD-GO), afirmou que a sabatina não será na próxima terça (10) —como sugeriu na véspera o ministro da articulação política do governo, Alexandre Padilha— e criticou as declarações.

"Essas declarações sem conversar, principalmente com o presidente do Senado, só atrapalham. Porque não tem nada decidido", afirmou o senador à imprensa.

Vanderlan declarou que a sabatina "provavelmente" será realizada no dia 17. A data, no entanto, é considerada inviável porque coincide com o primeiro dia de reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, do qual Galípolo é membro. Ele hoje ocupa o cargo de diretor de Política Monetária.

"Provavelmente vai ficar na data do dia 17. Eu acredito que é essa data aí [dia 17 de setembro] ou então após as eleições. Vai depender muito do Pacheco", declarou Vanderlan, sugerindo que a indicação e a votação serão realizadas no mesmo dia.

A mensagem do presidente Lula com a indicação de Galípolo para o BC chegou nesta segunda (2) ao Senado e ainda não foi enviada por Pacheco à CAE para os ritos seguintes: designação de relator e, posteriormente, leitura de parecer.

Em outro sinal de má vontade com o governo, Pacheco também dispensou uma reunião no Senado com a ministra do Planejamento, Simone Tebet, para tratar do Orçamento do ano que vem.

O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), negou o mal-estar. Wagner, que será relator da indicação de Galípolo, atribuiu o problema da data ao esvaziamento do Congresso nos próximos dias diante das eleições municipais.

"Tem gente que é torcedor do Galípolo e diz: 'Olha, semana que vem eu não posso estar aqui'. É só disso que se trata. Não tem nenhum problema ter que convencer alguém [a votar a favor do Galípolo]", disse Wagner.

Além de se reunir com Wagner, Vanderlan e Ciro, Galípolo conversou com o líder do PSD, Otto Alencar (BA), a bancada do PT, e o senador Lucas Barreto (PSD-AP), nesta terça. No gabinete de Wilder Morais (PL-GO), falou também com o senador Izalci Lucas (PL-DF).

No encontro com as lideranças do PT, Wagner mostrou otimismo e afirmou, segundo relato de um participante, que não tinha visto nenhum senador mostrando sinal de contrariedade ao nome de Galípolo.

A reunião serviu para definir alguns pontos estratégicos que devem ser colocados em debate pelos senadores durante a sabatina, como a ampliação da autonomia do BC e a condução da política de juros.

Os petistas afirmam que Galípolo já conhece o rito por ter sido sabatinado uma vez, após a indicação para a vaga na diretoria de política monetária do BC, mas ressaltam que a dimensão agora é outra.

No Ministério da Fazenda, auxiliares do ministro Fernando Haddad avaliam que a possibilidade de a sabatina demorar para ocorrer não muda o cenário de aceitação. No entanto, abre brecha para volatilidade de preços com os analistas do mercado ponderando o que o atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, fala em confronto com as declarações de Galípolo, no caso de ambos dizerem coisas antagônicas.

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