Mercado de cosméticos naturais ganha fôlego com maquiagens e hidratantes
Empresárias transformam produtos de beleza feitos para uso próprio em marcas sustentáveis
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Hoje dominado por xampu, sabonete e pós-xampu, o mercado de cosméticos naturais tem potencial para crescer com novas marcas de maquiagens e itens de higiene.
Empresárias que perceberam aumento na demanda transformaram produtos de beleza feitos para uso próprio em marcas sustentáveis.
A publicitária Lídia Gomes, 29, começou a criar receitas caseiras de cosméticos com ingredientes naturais e veganos, entre eles óleo de semente de uva e manteiga de karité, em 2016, para consumo próprio.
Depois de seis meses compartilhando as descobertas no Instagram, ela conta que começou a receber pedidos de encomenda.
"As clientes falavam que não encontravam esse tipo de produto no Brasil", diz.
A marca, batizada de Balmish, tem hoje no catálogo nove itens que são feitos à mão por uma empresa terceirizada.
Entre os produtos estão um sabonete natural (R$ 32), que leva argila rosa e óleos essenciais na formulação, um desodorante natural (R$ 35) e um bálsamo labial (R$ 21,90).
Com venda por site e lojas multimarcas em São Paulo, a Balmish cresceu 133% do primeiro semestre de 2018 para o mesmo período deste ano. Gomes faz planos para inaugurar a categoria de tratamento para o cabelo em 2020.
O consumo sustentável é tido como prioridade para 32% dos brasileiros, segundo pesquisa divulgada em outubro pela Nielsen Brasil, a partir do monitoramento de compras de 8.300 lares brasileiros.
O segmento "verde" concentra 18,2% do faturamento total do mercado de higiene e beleza, de acordo com a Nielsen.
São marcas que investem em itens orgânicos, veganos, não testados em animais e feitos com produtos naturais.
Uma das lojas pioneiras desse segmento é a Cativa Natural, fundada em 2008 pela socióloga Rose Bezecry, 52.
A marca, que vende online e em loja física em Curitiba, tem 136 produtos no catálogo e também começou de uma produção caseira, mas de óleos essenciais.
Com o contato com os clientes, Bezecry percebeu que havia demanda para outros tipos de produto. Hoje, vende base líquida (R$ 74,90), delineador (R$ 62,90), desodorante (R$ 25,90) e creme dental (R$ 22,90).
A empresária não revela faturamento, mas diz que, quando começou a comercializar a linha de maquiagens, vendia mil unidades por mês de cada produto —hoje, o número está em 4.000.
Não existe uma regulação específica para cosméticos naturais no país. Bezecry afirma que obter a certificação dos produtos é uma forma de atender a demanda de consumidores que buscam um selo de qualidade.
A Cativa tem certificação da Associação de Certificação Instituto Biodinâmico (IBD), que exige uma série de requisitos, entre eles o uso de produtos orgânicos em toda a cadeia de produção.
Utilizar insumos naturais também é uma maneira mais acessível, e barata, de empreender no mercado de beleza, afirma Julia Tartari, 28, maquiadora e idealizadora da marca de maquiagens Mona.
Tartari começou a criar as receitas pensando no uso próprio e no trabalho.
A primeira delas foi um bálsamo sem pigmento, com base de cera de abelha, de carnaúba, manteiga de cupuaçu e óleo de jojoba.
Em 2018, decidiu transformar as criações na marca Mona e comercializar os produtos. No catálogo, há linhas com pigmentos vegetais e pó de mica (usado no iluminador, R$ 25), por exemplo.
A fabricação é feita toda por ela, em sua casa. A empresária continua usando os itens no trabalho como maquiadora, que, por sua vez, inspira a criação de novas fórmulas. Em um ano, Tartari vendeu mil unidades.
"Eu nunca poderia produzir nada que fosse sintético em casa. Trabalhar com materiais vegetais é mais acessível", afirma.
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