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Empresárias criam kits de experiências para vender mais no Dia dos Namorados

Com casais em busca de novidades, dona de sex shop espera lucrar mais que antes da pandemia

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São Paulo

Já mais adaptadas à nova realidade da quarentena, empresárias de diferentes ramos, de restaurantes a sexy shops, esperam um Dia dos Namorados com alta nas vendas —em alguns casos, até melhor do que no período pré-pandemia.

Maisa Pacheco, em seu sex shop localizado nos arredores da avenida Paulista, em São Paulo   - Bruno Santos/Folhapress

Durante o isolamento social, Maisa Pacheco, 46, dona de um sex shop de mesmo nome nos arredores da avenida Paulista, em São Paulo, notou o crescimento de vendas para casais. Com isso, desenvolveu kits especiais para a ocasião.

“Nunca vivemos uma experiência como esta da pandemia. Nesta hora em que as pessoas estão convivendo muito, o sex shop ajuda quem está em uma relação a relaxar.”

São quatro opções de kit que custam entre R$ 135,70 e R$ 1.229, incluindo um com vibrador, gel intensificador de orgasmo feminino, pétalas de rosas e vinho argentino (R$ 675,70, para clientes na cidade de São Paulo).

A empresária também tem feito sugestões personalizadas para consumidores que atende pelas redes sociais e pelo WhatsApp —ela mantém uma base com 400 contatos.

“Falar sobre sexo é difícil, a gente precisa ser aberto. O cliente conversa muito comigo, ele compartilha experiências e, com isso, consigo entender melhor as necessidades que ele tem”, diz Maisa.

Ela oferece os kits a partir de fotos enviadas por mensagem. “Eu ando acertando muito”, brinca a empresária, que espera, neste ano, uma venda no Dia dos Namorados superior à de 2019.

A empresária Silvia Percussi, 55, que comanda o restaurante Vinheria Percussi, em Pinheiros, também está otimista em relação à data —ainda que o delivery represente cerca de metade do faturamento pré-pandemia.

Ela não esperava uma procura alta na comemoração do Dia das Mães e teve problemas em gerenciar a entrega feita por aplicativo, com pedidos muito concentrados nos mesmos horários.

Depois disso, decidiu estruturar o processo de outra forma para a comemoração dos namorados. O kit de jantar da data deve ser encomendado por telefone, com antecedência mínima de 24 horas.

Na reserva, o cliente escolhe o dia (11, 12 ou 13 de junho) e horário (em quatro intervalos, das 18h às 22h) da entrega, que terá número de atendimentos limitados. A ideia, segundo Silvia, é organizar estoque e fluxo do delivery para evitar imprevistos.

“Vamos aplicar as mesmas regras de uma reserva de Dia dos Namorados no restaurante. Essa é uma operação complexa: no baú do entregador cabem apenas duas caixas com o kit de jantar, justamente para a comida não fazer muitas viagens antes de chegar ao cliente”, diz a chef, que vai contar com motoboys da própria casa para a ação.

A caixa usada para a comemoração foi encomendada especialmente para a data, com divisórias customizadas para acomodar cada item.

O menu completo para casal tem drinque, entrada, prato principal e sobremesa (R$ 350 ou R$ 440 com um espumante). O kit inclui também uma vela aromática e uma playlist acessada por QR code.

“Nossa ideia é que o cliente tenha uma noite romântica com a experiência do restaurante na sua casa”, diz Silvia.

A expectativa da empresária é vender uma média de 120 kits em todo período, com comunicação feita por meio de newsletter, redes sociais e da loja virtual do restaurante.

“A forma de entrega dos empresários precisa acompanhar as limitações do momento. As pessoas continuam consumindo, mas os canais são diferentes, e é preciso uma forma criativa de acessar o cliente”, diz Rubens Massa, professor do Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios da Fundação Getulio Vargas.

Com o cliente distante, o cuidado ao anunciar o produto é essencial, completa César Rissete, gerente de competitividade do Sebrae.

Durante a quarentena, o casal de músicos Anete Ruyz, 37, e Vinicius Marques, 43, que costumava atuar em eventos, viu os trabalhos cessarem.

A chef Silvia Percussi, no seu restaurante, o Vinheria Percussi, em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo - Divulgação


“Fizemos algumas lives e entramos em um festival online, em que era possível pedir a colaboração do público, como um chapéu virtual”, diz Anete. Dessa experiência, veio a ideia de oferecer homenagens gravadas e shows ao vivo para quem estava em casa.

Hoje, o casal retomou cerca de 40% da renda pré-pandemia e pensa em continuar com a atividade depois do fim do isolamento.

O trabalho tem dois formatos: serenatas (R$ 70), em que a dupla recita uma mensagem e interpreta uma canção à escolha do cliente, e shows com piano e violão, que custam entre R$ 200 a R$ 350, a depender do número de músicas.

A divulgação para o Dia dos Namorados, feita nas redes sociais e no WhatsApp, já começou. “Ao invés de fazer um pedido online de flores, você pode presentear com uma música. Nesse momento em que as pessoas estão distantes e com saudades, uma canção funciona como um afago”, diz.

Em um momento de crise, as datas festivas, que representam tradicionalmente picos de venda para o comércio, são ainda mais importantes, diz César Rissete.

É necessário planejar o que será oferecido, já que consumidores buscam produtos e serviços que fujam ao dia a dia em datas especiais. Para isso, o empresário precisa rever o processo de compra e se colocar no lugar do cliente para identificar suas motivações.

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