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Negócios sem atendentes buscam simplificar experiência de compra

Lojas autônomas e máquina de algodão-doce 'instagramável' usam tecnologia para atrair cliente

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Belo Horizonte

Com forte uso de tecnologia, empresas estão oferecendo estruturas de autoatendimento sem funcionários pensadas para facilitar a experiência de compra, com cada vez menos obstáculos entre a escolha do produto e o pagamento.

Um exemplo é a Zaitt, franquia de lojas de conveniência autônomas. Para ter acesso ao espaço, o cliente baixa e cadastra-se no aplicativo da marca e tem sua entrada liberada por meio da leitura de um QR code.

Dentro do estabelecimento, escolhe e escaneia seus produtos com o celular. Depois, paga pelo próprio aplicativo e deixa a loja, tudo isso sem ter tido contato com ninguém.

Durante todo esse processo, seu comportamento é monitorado remotamente, levando em conta variáveis que informam à empresa casos suspeitos de fraude. Fatores como local, horário, tempo de cadastro e de permanência são levados em consideração.

Rodrigo Miranda, fundador da Zaitt, empresa de lojas autônomas, na unidade da Vila Nova Conceição (zona sul de São Paulo) - Gabriel Cabral/Folhapress

Rodrigo Miranda, fundador da empresa, criada em 2016, conta que o aporte inicial foi de R$ 10 milhões, vindos de diversos investidores. Ele não revela o faturamento atual, mas diz que planeja mais que dobrar o número de lojas em 2022. Hoje, há 14 delas em funcionamento em nove estados, e mais 30 em implantação. Na capital de São Paulo, há lojas no Brooklin e na Vila Nova Conceição (ambos na zona sul).

Embora não haja funcionários nos estabelecimentos em si, a Zaitt tem uma equipe remota que fica de plantão durante o funcionamento das lojas, abertas 24 horas por dia. Os funcionários, cerca de 60, estão preparados para intervir caso haja problemas, como furtos. Em situações assim, a empresa entrega as filmagens de segurança à polícia.

Uma equipe também precisa ir até as unidades para realizar tarefas como renovação de estoque e limpeza.

Já nas lojas sem funcionários da Be Honest, há apenas câmeras de monitoramento,, mas não uma equipe de prontidão contra eventuais furtos e fraudes. A empresa aposta numa mudança de cultura. É parte do chamado mercado de ‘honest market’, ou mercado honesto: seus mercadinhos, com itens de mercearia, são dispostos em prédios comerciais, grandes condomínios e hospitais, e todas as vendas são feitas com base na confiança no consumidor, que pega os itens desejados, paga e vai embora sem ser abordado por ninguém.

Criada em 2020, a Be Honest tem hoje mais de 200 mercadinhos em 25 cidades, a maior parte na zona metropolitana de Belo Horizonte. Emprega 75 funcionários ao todo. O cofundador, Marcelo Carneiro, não revela o faturamento.

A expansão da franquia é focada em cidades com mais de 200 mil habitantes, com um franqueador por cidade. Embora o perfil de cada local seja analisado individualmente, a maior parte dos mercadinhos fica em condomínios com mais de 70 unidades habitacionais ou empresas com mais de cem funcionários. Os produtos mais vendidos pela Be Honest são cervejas e refrigerantes.

Marcelo explica que as lojas são o canal que escolheram para falar dos ideais de honestidade, com a intenção ambiciosa de mudar a cultura do "jeitinho brasileiro". Carneiro conta que, quando há muitos furtos acontecendo num ponto, a empresa organiza intervenções educativas com o público do local e que, até hoje, não precisou fechar nenhuma loja por esse tipo de problema.

Para Roberto e Nicole Lemos, casal fundador da franquia de máquinas de algodão-doce Cololido, a redução dos custos e do trabalho de administração de funcionários é um dos elementos mais importantes do negócio. A Cololido é uma empresa de vending machines que fogem do padrão de entrega de snacks dessas máquinas: fabricam, ao vivo, diferentes cores e sabores de algodão-doce.

As máquinas são colocadas em shoppings e, geralmente, causam curiosidade e, portanto, filas longas. A empresa nasceu em abril de 2021, com aporte inicial de R$ 40 mil, e faturou quase R$ 4 milhões nos oito meses finais do ano passado.

Já há 30 máquinas em operação, entre as operadas pela própria empresa e as de franqueados. A Cololido tem nove funcionários. Quando necessário, eles também renovam os insumos das máquinas e consertam eventuais falhas de funcionamento.

A empresa tem planos de expansão em outros ambientes além dos shoppings, como parques temáticos e hipermercados. Nicole explica que o valor da franquia varia por região, mas a média é de R$ 110 mil, com retorno médio previsto em 19 meses e margem de lucro de 47%.

A empresa foca também a experiência do consumidor. Para além de comodidade e rapidez, a ideia é que a compra seja prazerosa.

Isso significa entregar "não só um algodão doce, mas uma experiência completa, que envolve os cinco sentidos", explica Roberto Lemos. O empresário descobriu a máquina da Cololido em uma feira de inovações que visitou na China, e, na hora, soube que era um investimento que queria trazer para o Brasil.

Durante a compra, o cliente pode interagir com telas e escolher cores, sabores e formatos para então assistir ao algodão-doce sendo feito ao som de uma música e sentindo o cheiro do sabor escolhido. Como o cofundador gosta de definir, "100% instagramável", ou seja, com um forte apelo estético nas redes sociais.

A maior parte das lojas é no Paraná, estado onde o casal vive. Em São Paulo, podem ser encontradas no Morumbi Shopping, Shopping Pátio Paulista e no Shopping Bourbon.

Para Lemos, a necessidade da descoberta de uma nova cultura e de uma nova forma de comprar é um dos principais desafios para fazer as pessoas experimentarem seu produto.

De acordo com Flávio Petry, especialista em varejo do Sebrae-SP, o autoatendimento é uma tendência que veio para ficar, já que uma parte do público já se fidelizou e se acostumou ao modelo, mais cômodo e rápido.

Ele diz, porém, que, durante muito tempo, o receio do mercado atrasou a chegada dessas tecnologias ao Brasil. Mas os fundadores da Zaitt e da Be Honest dizem ter bons resultados, com baixos índices de furtos e perdas em seus estabelecimentos. No caso da Zaitt, a cifra é inferior a 1,5% do faturamento; na Be Honest, fica em 3%.

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