Empresas apostam em máquinas sem contato humano para vender de cueca a ração

Hit no Japão e nos EUA, segmento deve deslanchar também no Brasil com ajuda da pandemia

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São Paulo

Marcas dos mais variados segmentos passaram a apostar em máquinas de venda para chegar aos consumidores durante a pandemia.

Graças à evolução técnica, hoje as "vending machines", como são chamadas, podem oferecer muito mais do que refrigerantes e salgadinhos. Entre os produtos vendidos estão cuecas de grife, roupas, ração, brinquedos para animais, itens de higiene pessoal, máscaras e álcool em gel.

O mercado da venda por máquinas já estava em ascensão antes da pandemia, mas expandiu ainda mais neste ano. A empresa especializada Lab 220, por exemplo, cresceu 50% em 2020, segundo sua diretora-executiva, Taty Stahl.

A crise sanitária impulsionou esse modelo de venda, por causa da agilidade e da ausência de contato humano, mas não foi só isso. A novidade do uso de tecnologia, que chama atenção dos consumidores, também contribuiu para a maior adesão das marcas.

Mulher comprando na máquina de vendas automática da marca Renner no metrô São Bento
Vending machine da Renner no metrô São Bento - Divulgação

"O mundo entendeu que 'vending machine' é a bola da vez no varejo offline", diz Claudio Landsberg, fundador da Casa Group, que oferece o serviço no Brasil e nos Estados Unidos.

Na opinião do empresário, o modelo reúne diferentes tendências do varejo: a diminuição de interação entre vendedor e consumidor e o baixo custo de multiplicação dos pontos de venda, além do alto potencial de marketing, por causa da proximidade da marca com os clientes.

Para ter sucesso no ramo, as empresas devem investir no visual das máquinas e também em inovação, para garantir a melhor experiência ao consumidor, afirma Taty Stahl, da Lab 220. "Todo mundo já tentou comprar algum produto em uma 'vending machine' e viu a mola girando para trás, mas sem deixar cair o produto."

Cada mercadoria exige uma tecnologia diferenciada para um bom funcionamento do equipamento. Por isso, nem sempre as máquinas são capazes de oferecer todos os itens do catálogo de uma marca.

As empresas especializadas, então, ajudam as marcas a fazer a curadoria dos produtos. Em alguns casos, chegam à conclusão de que vale a pena investir em apenas um item —caso da vending machine de cuecas da Calvin Klein, criada pela Lab 220. Também são clientes da empresa companhias como KitKat, Hering e Renner.

Os locais de instalação são variados: as máquinas podem estar em shoppings de luxo, estações de metrô e até nas áreas comuns de condomínios. Tudo depende do público-alvo das marcas.

A empresária Taty Stahl afirma que o local influencia até no sistema de pagamento. Hoje os equipamentos produzidos pela empresa funcionam apenas com transações via cartão.

As empresas ganham com o aluguel da máquina para uma marca, que inclui também a gestão das operações. Na Casa Group, esse valor pode variar de R$ 30 mil a R$ 50 mil por ano. Também há a opção de elas próprias comprarem diferentes produtos e lucrarem com a revenda.

Claudio Landsberg afirma que, para os próximos anos, há um bom potencial de crescimento para o mercado de "vending machines" no Brasil.

Segundo ele, a estimativa é que o país tenha hoje 1 "vending machine" para cada 7.500 habitantes. Nos EUA, a proporção é 1 para 90 e, no Japão, 1 para 3.

A projeção do empresário é que o número de máquinas da Casa Group no Brasil saltem de 200 para 2.000 até 2022. Nos Estados Unidos, o objetivo é passar de 1.380 para 5.000 pontos de venda em três anos.

Há quatro meses, a companhia iniciou o processo de abertura de franquias no Brasil. Os franqueados podem começar com uma única máquina. O investimento varia de R$ 40 mil a R$ 90 mil, dependendo da tecnologia e segmento da máquina escolhida, com expectativa de retorno em até 24 meses.

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