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Descrição de chapéu skate surfe

Olimpíadas dão novo impulso a negócios ligados ao esporte

Modalidades menos tradicionais criam oportunidades para empresas menores

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Felipe Bramucci
Florianópolis

Empresas brasileiras do setor esportivo registram aumento significativo no interesse por produtos e serviços desde os Jogos Olímpicos de 2024, realizados em Paris. A exposição dada pelas Olimpíadas a modalidades com menos tradição atrai um público mais variado, especialmente mulheres e crianças, e altera o perfil dos praticantes.

Segundo Pedro Trengrouse, professor da FGV (Fundação Getulio Vargas) e especialista em economia do esporte, a visibilidade que as modalidades ganham durante as Olimpíadas representa uma oportunidade para pequenos negócios que atendem nichos de consumo específicos e ainda pouco explorados.

O bom desempenho do skate nos jogos olímpicos gerou uma procura por aulas de skate. Na foto, Gabriel Araújo durante aula de skate - Pedro Ladeira - 26.ago.24/Folhapress

Fabricantes de equipamentos e prestadores de serviços especializados em esportes de destaque nesta edição, como surfe e skate, criam estratégias para aproveitar o momento.

"Esse pico de atenção é benéfico para todas as empresas do setor esportivo. A vantagem do empreendimento ligado a esportes menos consolidados é que, muitas vezes, as grandes empresas não têm capilaridade para lidar com essa demanda repentina", afirma Trengrouse.

Dados do Google Trends mostram que o interesse por skate e surfe atingiu seu pico em julho, com o maior volume de buscas em 12 meses.

A medalha de bronze conquistada por Rayssa Leal em Paris levou a crescimento na procura por aulas de skate.. "Antes, recebíamos de 20 a 25 contatos por semana, mas na última semana [logo depois da medalha], tivemos cerca de 50 interessados," relata Eduardo Mello, coordenador do Núcleo Skate Brasília, escola no Distrito Federal voltada a iniciantes no esporte.

Para Mello, o impacto dos jogos vai além do aumento de novos praticantes; há uma mudança no perfil do público. "Antes, a escolinha era procurada principalmente por homens. Agora, muitas meninas de cerca de 14 anos, inspiradas por Rayssa, estão aprendendo skate. Este ano, o perfil da nossa escola já mudou: a maioria dos nossos alunos são meninas", afirma.

Comerciantes registram aumento nas vendas de skates para iniciantes. "Muitas meninas de cerca de dez anos vêm à loja para comprar seu primeiro skate. Sabemos que estão começando no esporte porque, geralmente, quem já pratica compra as peças separadas," diz Caio Vinicius Lima, proprietário da Distrito Skate Shop no Distrito Federal.

Empresas ligadas ao skate relatam que a experiência nos Jogos Olímpicos de Tóquio foi mais intensa. "Não esperávamos que Tóquio tivesse tanto impacto no mundo do skate. Este ano, nos preparamos melhor, investindo em marketing voltado para as Olimpíadas", afirma Lima.

No surfe, fabricantes de pranchas e acessórios notam que o impacto das Olimpíadas se manifesta de forma mais gradual do que no skate. "É um esporte que exige mais tempo para aprender. As Olimpíadas acabaram recentemente. Os interessados, geralmente, procuram uma escolinha, e só depois compram uma prancha", afirma Hernani Guimarães, gerente comercial da SRS (Shaper Rodrigo Silva).

Apesar de não registrar um aumento significativo nas vendas durante as olimpíadas, a Magic Surf, fabricante de pranchas de surfe em Florianópolis (SC), tem boa expectativa de vendas a longo prazo e trabalha com estratégias para suprir a demanda do novo público consumidor.

"Criamos um produto cujo foco é a experiência e não a performance profissional", afirma Fábio Duarte, proprietário da Magic Surf. Para atender aos novos praticantes, a empresa produz pranchas profissionais com acabamento de borracha, desenhadas para evitar que os iniciantes se machuquem na água.

As empresas que souberam focar no público iniciante se destacaram. "É importante que essas empresas se adaptem, oferecendo pranchas feitas com materiais mais duráveis e seguros, diferentes da fibra de vidro usada por profissionais, para atender melhor os novos praticantes e evitar riscos de acidentes", afirma Romeu Andreatta, presidente da Abiep (Associação Brasileira da Indústria dos Esportes com Prancha).

O fenômeno olímpico acelera uma mudança na indústria dos esportes com prancha, que vem se afastando da moda para focar na prática esportiva." O mercado mudou ao longo dos anos. Passamos de 5.000 empresas, quando o surfe estava ligado à moda, para 2.000. Agora, estamos crescendo novamente graças ao aumento de praticantes", diz Andreatta.

"O surfe e outros esportes com prancha, historicamente, estão ligados ao oceano Pacífico. O destaque dos atletas brasileiros em campeonatos mundiais, como as Olimpíadas, traz a oportunidade de tornar o Brasil um grande protagonista mundial", afirma Romeu.

Paris 2024 também fomentou negócios voltados para a produção e venda de itens colecionáveis relacionados aos atletas olímpicos. A Memorabília do Esporte, uma pequena empresa carioca, registrou aumento de 200% nas vendas durante o período dos Jogos.

"É um mercado já muito consolidado nos Estados Unidos por conta da NBA [liga profissional de basquete], mas que ainda é pouco explorado aqui no Brasil", diz Sammy Vaisman, um dos fundadores do empreendimento.

A empresa trabalha com a produção de itens de memorabilia, que são objetos colecionáveis que seguem um padrão internacional. A ideia é suprir a demanda por produtos como estátuas, cards, gravuras e histórias em quadrinhos ligados aos atletas nacionais que se destacaram nesta edição, como uma revista colecionável que conta a história de Rebeca Andrade e miniaturas da judoca Rafaela Dias.

Além disso, a empresa produz itens colecionáveis ligados a atletas que fizeram história em outras edições, como o nadador paralímpico Daniel Dias, que é recordista mundial em sua categoria.

Nesta edição, a companhia contou com a parceria do COB (Comitê Olímpico Brasileiro) para fabricar produtos licenciados. O acordo foi anunciado em julho, cerca de 20 dias antes do início da Olimpíada de Paris 2024.

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