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Partido governista dá 48 horas para que Zuma renuncie

Ultimato é informado a presidente sul-africano após 8 horas de reunião

Simpatizante do CNA exibe camiseta com foto do vice-presidente Cyril Ramaphosa, na Cidade do Cabo - Rodger Bosch - 11.fev.2018/AFP

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Pretória e Johanesburgo | Reuters

O partido governista Congresso Nacional Africano (CNA) deu ao presidente sul-africano, Jacob Zuma, 75, o prazo de 48 horas para que renuncie, do contrário será retirado do poder, informou a TV estatal SABC nesta segunda-feira (12). Até o fechamento desta edição, Zuma não havia se pronunciado.

Após uma reunião emergencial de mais de oito horas da executiva do partido em um hotel em Pretória, capital administrativa da África do Sul, o líder do CNA e vice-presidente, Cyril Ramaphosa, entregou o ultimato pessoalmente a Zuma em sua residência.

"Obviamente alcançamos o fim da rua com o homem, vamos fazer o seu 'recall'", disse um membro da executivo ao canal sul-africano News 24 antes do início da reunião. 'Recall' é o termo usado no país para o procedimento de retirada do poder do presidente.

Horas antes, a SABC havia dito que Zuma havia concordado em renunciar e que os detalhes sobre como proceder estavam sendo discutidos.

Porém, o porta-voz do presidente, Bongani  Ngqulunga, qualificou o relato de fake news (notícia falsa).

Ramaphosa, 65, diz que tem mantido conversas com Zuma sobre uma transferência de poder e havia afirmado que a reunião da executiva do CNA era para finalizar a situação.

A executiva do partido tem autoridade para ordenar Zuma a renunciar, mas a mídia local especula que ele ainda pode resistir.

"Zuma não é apenas uma pessoa. Ele é um sistema. Há muita gente cuja fortuna política está ligada à dele", afirmou o analista político Ralph Mathekga ao diário britânico "The Guardian".

"Estamos assistindo a uma batalha pela alma do CNA. É um referendo sobre a verdadeira balança de poder dentro do partido", acrescentou.

Zuma sobreviveu à pressão do CNA no ano passado para renunciar, mas analistas dizem que desta vez o apoio à renúncia é maior.

Presidente do país desde 2009, Zuma enfrenta pressão do partido e da oposição para renunciar ao cargo em meio a uma série de denúncias de corrupção.

Na semana passada, o Parlamento adiou o Discurso sobre o Estado de União que ele faria e deve votar no dia 22 uma moção de não confiança para tirá-lo do cargo.

Caso a renúncia se confirme, Ramaphosa ex-líder sindical que se tornou um dos empresários mais ricos do país mas que adotou um discurso anticorrupção deve assumir a Presidência até o fim do mandato, em 2019.

Na opinião do especialista em política sul-africana Richard Calland, da Universidade de Cidade do Cabo, a saída de Zuma "daria a Ramaphosa a chance de reconstruir governo e partido ao mesmo tempo", disse no "Guardian".

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