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Os EUA e a Índia assinaram um novo acordo de segurança na quinta-feira (6), cimentando as relações entre os dois países e destravando a venda de armamentos americanos de alta tecnologia no valor de bilhões de dólares ao maior importador de armas do mundo.
Washington vê a Índia como o esteio de sua nova estratégia no Indo-Pacífico para conter a ascensão da China, mas gastou meses pressionando por uma cooperação mais estreita. Os EUA querem que Déli participe de mais exercícios militares conjuntos, reforce seu papel na segurança marítima regional e aumente a compra de armas.
"Nós apoiamos plenamente a ascensão da Índia", disse Mike Pompeo, o secretário de Estado americano, durante uma visita a Nova Déli. Mais tarde, os dois países assinaram o acordo de segurança Comcasa, específico para a Índia, que Jim Mattis, o secretário da Defesa dos EUA, disse que significa que agora a dupla pode compartilhar "tecnologia sensível".
A ministra da Defesa da Índia, Nirmala Sitharaman, disse que a cooperação militar se tornou o principal propulsor das relações EUA-Índia, que segundo ela estão sendo levadas "a um novo nível". A Índia também concordou em realizar exercícios militares conjuntos em terra, mar e ar com os EUA no próximo ano.
A novidade ocorreu depois de conversas entre Mattis e Pompeo e seus homólogos indianos, Sitharaman e Sushma Swaraj, em Nova Déli. A assinatura se seguiu a meses de preocupação na Índia de que fosse obrigada a ceder sua soberania. Autoridades americanas não tinham certeza de que os dois países completariam o acordo.
Jeff Smith, especialista em sul da Ásia na Fundação Heritage, disse que o acordo foi um passo "significativo", acrescentando que os EUA e a Índia previamente foram obrigados a se comunicar por canais de rádio abertos e a retirar certos sistemas criptografados de plataformas que os EUA haviam vendido à Índia.
Ele acrescentou que autoridades americanas passaram meses tentando convencer Déli de que tais acordos facilitariam a cooperação delicada e muitas vezes corriqueira —como a capacidade de reabastecer navios um do outro no mar—, e não a espionagem de Washington sobre a Índia.
O tenente-general Charlie Hooper, diretor da Agência de Cooperação de Segurança de Defesa dos EUA, que é responsável por vendas militares no exterior, disse que os EUA estavam discutindo a venda de "muitos, muitos sistemas" para a Índia.
O general Hooper não especificou os sistemas em discussão, mas outra autoridade americana disse que a Índia buscava drones avançados, helicópteros e jatos de combate dos EUA. Déli já comprou aeronaves de transporte C-17, helicópteros Apache e Chinook, aeronaves de patrulha marítima e canhões M777 dos EUA.
Agora Déli também pretende adquirir os caças de combate F-16 e F-18 da Lockheed Martin para substituir seus atuais modelos russos, segundo a autoridade americana.
"A Marinha indiana também está avaliando a compra de 24 helicópteros de guerra multifunção e antissubmarinos MH-60R da Lockheed Martin", acrescentou a autoridade.
As vendas de armas dos EUA à Índia aumentaram de quantidades desprezíveis há dez anos para US$ 15 bilhões no ano passado e deverão crescer para US$ 18 bilhões no próximo ano. Mas restam vários obstáculos no caminho.
As autoridades americanas querem garantir que a Índia, que compra a maior parte de suas armas da Rússia, não adquira o sistema de defesa aérea de mísseis S-400 de Moscou.
Os dois lados também discutiram até onde a Índia cortaria suas importações de petróleo iraniano, assim como um possível papel maior da Índia em um nascente grupo "quádruplo" formado por EUA, Índia, Japão e Austrália.
Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves
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