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Não há consenso da noite para o dia, diz Macri na cúpula do G20

Reunião pode terminar sem acordo específico, afirma presidente argentino em Buenos Aires

Líderes posam para foto durante a cúpula do G20 em Buenos Aires - Andres Martinez Casares/Pool/Reuters

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Buenos Aires

No primeiro dia da reunião do G20, em Buenos Aires, nesta sexta-feira (30), o presidente argentino, Mauricio Macri, disse que "ainda que existam diferenças importantes nas agendas dos líderes presentes, temos de ter em mente o mesmo senso de urgência que nos reuniu em 2008. Desta vez, o desafio é justamente como estabelecer diálogo num mundo tão diverso."

O dia iniciou com um encontro entre o norte-americano, Donald Trump, e Macri, na Casa Rosada. Além de oferecer apoio dos EUA para que a Argentina saia da crise econômica e prometer estimular investidores norte-americanos a trazer seus negócios ao país, Trump usou o mandatário argentino para dar seu primeiro recado à China. 

Disse a Macri que os chineses estavam praticando, no comércio, ações "depredadoras". 

O recado foi lido como um possível preâmbulo para uma possível reunião sem acordo, neste sábado (1), entre os líderes da China e dos EUA, tema que causa mais interesse nessa cúpula, pois a maioria dos países espera uma possível resolução da guerra comercial entre ambas potências.

Macri também declarou, nesta sexta-feira (30) que poderia não haver um acordo específico no final da reunião. "Não tenho dúvida de que não se constrói consenso da noite para o dia. Esse processo continua para além da reunião, o importante é que daqui saiam compromissos que levem a ações concretas que melhorem a vida de nossos cidadãos."

Um desses consensos foi firmado ainda pela manhã entre Trump, o presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, e o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, que assinaram a autorização para o novo acordo de comércio entre os três países, que substitui o antigo Nafta (Tratado de Livre Comércio da América
 do Norte). 

Boa parte dos itens, porém, ainda precisa passar pelas equipes técnicas dos três países e pelos respectivos congressos. 

O novo acordo se distingue do Nafta em alguns pontos-chave, sem os quais o presidente Trump se negou a negociar. O principal deles se refere à produção de automóveis em outro país _no caso, sua principal preocupação era com a instalação de várias empresas automotrizes norte-americanas no México. Com o novo tratado, para que um veículo entre nos EUA vindo de um dos outros dois países, terá de ter a maioria de suas auto-partes produzidas nos EUA, e por trabalhadores que ganhem, no mínimo, US$ 16 por hora.

Outra incerteza sobre a ratificação do acordo é que este é o último dia do governo do mexicano Enrique Peña Nieto, que inclusive viaja ainda hoje para transmitir a Presidência do país a seu sucessor, Andrés Manuel ​López Obrador. Ou seja, a ratificação do novo acordo, daqui a alguns meses, já será sob nova gestão.

Em seu discurso na plenária, o brasileiro Michel Temer disse que "a escolha do Brasil é pela integração de todos às possibilidades de um mundo crescentemente interconectado", mas que reconhecia que "a globalização também é fonte de ansiedade para parcelas significativas de nossas populações. Infelizmente, não são poucos aqueles que, sem acesso a capacitação adequada, alijados das inovações tecnológicas, sentem um legítimo mal-estar: mal-estar diante das mudanças no mercado de trabalho, das mudanças em nossas sociedades. Surge, aí, a tentação de soluções que podem soar simples, mas são ilusórias. Pois há que resistir. Há que recusar as aparentes facilidades do protecionismo e de isolacionismo."

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