EUA revogam visto de procuradora que quer investigar operações no Afeganistão
A gambiana Fatou Bensouda é membro do Tribunal Penal Internacional, órgão que julga crimes contra a humanidade
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O governo dos Estados Unidos revogou o visto da procuradora-geral do Tribunal Penal Internacional (TPI), Fatou Bensouda, de nacionalidade gambiana, que pretende abrir uma investigação sobre operações de soldados americanos no Afeganistão. O TPI é responsável por julgar crimes contra a humanidade.
A procuradora-geral prosseguirá cumprindo seu trabalho "sem medo ou favorecimento", apesar da revogação do visto, afirma um comunicado divulgado pelo gabinete de Bensouda.
Bensouda anunciou em novembro de 2017 que pretendia iniciar uma investigação formal sobre os supostos crimes de guerra cometidos no Afeganistão, inclusive pelo Exército dos EUA.
Um porta-voz do Departamento de Estado, citado pelo jornal britânico The Guardian, disse que "os EUA irão adotar os passos necessários para proteger sua soberania e seu povo de investigações injustas e de processos judiciais pelo Tribunal Penal Internacional".
O porta-voz acrescentou que vistos seriam negados a "membros do TPI que estão determinados a conduzir uma investigação formal dos EUA e de seus aliados sem o consentimento do país em questão".
As relações entre Washington e o TPI sempre foram complicadas. Washington se negou a aderir ao tratado que estabelece o TPI, o Estatuto de Roma, que entrou em vigor em 2002 e foi ratificado por 123 países.
Washington faz todo o possível para evitar que americanos sejam investigados pelo TPI. O governo de Donald Trump levou ao extremo a desconfiança na instituição.
Em setembro do ano passado, o assessor de segurança nacional da Casa Branca, John Bolton, afirmou que juízes e procuradores do TPI que tentem investigar cidadãos americanos ou países aliados de Washington seriam impedidos de entrar nos EUA e poderiam até mesmo ser processados.
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