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Jornalistas pedem demissão em massa após represália a reportagem sobre Putin

Dispensa de dois repórteres levou toda a editoria de política a pedir demissão

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Moscou | Reuters

Um editor sênior e dez jornalistas do diário russo Kommersant anunciaram suas demissões nesta segunda-feira (20), em protesto contra a dispensa de dois colegas por causa da publicação de um artigo sobre aliados do presidente Vladimir Putin.

As demissões, que atingiram toda a equipe da editoria de política do jornal, chamam a atenção para as tensões entre os profissionais de mídia e o forte controle da atividade da imprensa no país, dominada por veículos pró-governo. 

Edições do jornal russo Kommersant - Alexander Nemenov/AFP

Os repórteres demitidos, Ivan Safronov e Maxim Ivanov, disseram que eles foram obrigados a deixar o jornal depois que o grupo empresarial dono do veículo desaprovou um artigo de autoria dos dois publicado em abril. 

O jornal, que se dedica a assuntos relacionados a economia e negócios, foi adquirido pelo bilionário Alisher Usmanov em 2006. A publicação não comentou o caso. 

Um porta-voz do empresário afirmou que "os acionistas não interferem nas decisões editoriais, muito menos naquelas que envolvem demissão ou contratação de jornalistas". Segundo ele, Usmanov teria tomado conhecimento da dispensa dos dois repórteres por meio da mídia.

O artigo em questão, publicado em 17 de abril, citava relatos de fontes anônimas que afirmavam que  Valentina Matviyenko, presidente da Câmara Alta do Parlamento russo, poderia ser substituída nos próximos meses por Serguei Naryshkin, diretor do Serviço de Inteligência Internacional.

Não se sabe por que o texto foi mal recebido pelos proprietários do Kommersant.

Matviyenko e Naryshkin negaram o conteúdo da reportagem à época de sua publicação, dizendo se tratar apenas de rumores. 

Gleb Cherkasov, o editor de política do Kommersant, disse que ele e outros dez colegas estão deixando o jornal em solidariedade a Safronov e Ivanov.

"O acionista tem o direito de tomar decisões pessoais, e os funcionários têm o direito de não concordar com elas de uma única forma: mudando de emprego", escreveu Cherkasov em uma rede social. 

Renata Yambaeva, vice-editora sênior da seção de negócios, culpou Usmanov e um de seus assessores,  Ivan Streshinsky, pela onda de demissões, denunciando o ocorrido como pressão externa sobre o jornal. 

"Talvez exista alguém entre nossos leitores que possa explicar a Usmanov e Streshinsky que neste momento eles estão destruindo uma das melhores publicações russas", disse. 

 

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