Siga a folha

Corpos de manifestantes foram jogados no rio, dizem médicos no Sudão

Número de mortos passa de 100, e líder da oposição é preso

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Cartum | Reuters e AFP

Quarenta corpos foram retirados do rio Nilo em Cartum, na capital do Sudão, afirmaram médicos ligados à oposição nesta quarta-feira (5), após as Forças Armadas reprimirem manifestações pró-democracia. 

Segundo o Comitê de Médicos Sudaneses, os corpos estão entre os mais de 100 mortos desde a repressão de um acampamento em frente ao quartel-general das Forças Armadas, na segunda-feira. Relatos de ativistas apontam para a participação de um grupo paramilitar nas mortes.

Não foi divulgado um número oficial de mortos. 

O governo afirmou em um discurso televisionado “lamentar o ocorrido” de segunda-feira e que vai iniciar uma investigação sobre os culpados da violência.

Manifestante sudanês com a bandeira nacional em uma barricada em Cartum - Reuters

O tenente Abdel Fattah al-Buhane, chefe do Conselho Militar, pediu em troca “a abertura de uma nova página” aos líderes da oposição, que romperam todo contato com o governo no dia do massacre.

 

"Nós, no conselho militar, estendemos a mão para negociações sem restrições, exceto os interesses da pátria”, afirmou o tenente.

No entanto, a oposição negou a oferta, que veio horas antes da detenção do líder sudanês Yasir Arman nesta quarta, segundo o porta-voz de seu grupo, o Movimento Popular de Liberação do Sudão – Setor Norte (MPLS-N). O motivo da prisão não foi informado.

Arman voltou ao país de um exílio no mês passado, após a deposição do ditador Omar a-Bashir. Em 2011, ele foi sentenciado à morte por uma rebelião contra o regime.

Protestos continuam em Cartum ao som de balas nesta tarde de quarta-feira (5), com manifestantes bloqueando as ruas para evitar a passagem de militares. 

Poucos civis circulavam, e os comércios não abriram em razão do Eid al-Fitr, dia que marca o fim da celebração muçulmana do ramadã.

 

Os representastes dos manifestantes reafirmaram sua desconfiança quanto ao governo “golpista”, pois autoridades ainda negam que a ação de segunda-feira tinha a intenção de reprimir os manifestantes.

“Hoje o Conselho nos convidou para dialogar e, ao mesmo tempo, impõe medo aos cidadãos nas ruas”, contou Madani Abbas Madani, líder da Declaração de Liberdade e Forças de Mudança.

A comunidade internacional apoiou a retomada do diálogo. A Arábia Saudita, aliada aos militares sudaneses, afirmou que a situação no país é preocupante e defendeu a volta das negociações.

Em um comunicado conjunto, Washington, Londres e Oslo acrescentaram que “ao ordenar esses ataques, o Conselho Militar de transição colocou em perigo o processo de transição e de paz no Sudão".

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas