Trump busca reforçar laços com base eleitoral ao lançar campanha à reeleição na Flórida
Estado concentra grande número de refugiados cubanos e venezuelanos, grupo-chave para presidente
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Donald Trump fez um cálculo minucioso ao escolher a Flórida como destino para lançar sua campanha à reeleição.
O presidente dos Estados Unidos vai a Orlando nesta terça-feira (18) reforçar os laços com sua base eleitoral e garantir que seu discurso —principalmente anti-imigração— motive mais uma vez os eleitores que votaram para elegê-lo na disputa de 2016.
Quatro anos após ter descido as escadas rolantes da Trump Tower em Nova York para anunciar que concorreria à Casa Branca pela primeira vez, o republicano mostrará que o Salão Oval não o transformou em um líder mais moderado.
Pelo contrário. Seu comportamento transgressor foi capaz de mudar a forma de conduzir a maior economia do mundo.
Em comício ao lado da primeira-dama Melania Trump e do vice-presidente dos EUA, Mike Pence, Trump deve insistir na narrativa que o fez vencer a democrata Hillary Clinton em 2016, com ataques à política tradicional, aos imigrantes e a acordos comerciais considerados por ele desvantajosos aos americanos.
A essa retórica serão somados os bons números da economia dos EUA, que hoje mostram crescimento acima de 3% e índices de desemprego historicamente baixos no país.
O objetivo é falar diretamente ao eleitorado trumpista: homens brancos, pobres e menos escolarizados.
Na Flórida —estado com 29 dos 538 votos do colégio eleitoral que escolhe o presidente—, o perfil do eleitor abarca também outro grupo-chave para Trump: latinos, principalmente refugiados cubanos e venezuelanos, esses com mais dinheiro e críticos ao regime de Nicolás Maduro.
Até outubro do próximo ano, Trump deve replicar o modelo de campanha que venceu as últimas três eleições presidenciais americanas: foco na conquista de eleitores não tradicionais, ou seja, aqueles que não sairiam de casa para votar no dia da eleição, já que o voto não é obrigatório nos EUA.
No caso do ex-presidente Barack Obama, em 2006 e 2010, por exemplo, esse nicho era formado por negros e jovens.
A outra forma de tentar chegar à Casa Branca é o método mais antigo, que está sendo aplicado hoje pelo ex-vice-presidente dos EUA Joe Biden.
O favorito no Partido Democrata entendeu que é preciso fazer concessões para vencer as primárias —são 23 nomes na corrida para ser o representante da oposição em 2020— e, depois disso, adotar moderação para ampliar o eleitorado nas eleições gerais.
Habitualmente centrista, Biden tem feito acenos à esquerda na tentativa de se consolidar como o nome do partido contra Trump.
Em um paralelo ilustrativo, foi essa a estratégia do candidato do PT ao Planalto, Fernando Haddad, na eleição brasileira do ano passado.
Primeiro, o petista falou para a base social e sindical histórica da sigla, colando sua imagem à do ex-presidente Lula. No segundo turno, afastou-se do padrinho político e fez gestos em direção a empresários e investidores, mas acabou derrotado por Jair Bolsonaro.
Por outro lado, os lançamentos de campanha ocorrem muito mais cedo nos EUA do que no Brasil, onde os candidatos costumam apresentar as candidaturas à Presidência meses antes do pleito.
O atual presidente americano segue o padrão de outros mandatários. Assim como George W. Bush, que registrou sua candidatura oficialmente em maio de 2003, e Obama, em abril de 2011, Trump abre a corrida mais de um ano antes da eleição, sempre realizada no mês de novembro.
Trump classifica os democratas de socialistas radicais —devido à ala progressista em ascensão no partido. Analistas afirmam que o presidente vai precisar fazer acenos para além dos grupos que já o apoiam se quiser se reeleger.
Apesar do cenário econômico favorável, que impulsiona a reeleição de quem está no cargo, Trump não lidera as pesquisas, e sua desaprovação vem crescendo em estados importantes nos quais ele venceu em 2016, como Pensilvânia, Michigan e Wisconsin.
Pré-candidatos à esquerda defendem a ideia, como Bernie Sanders, Kamala Harris e Elizabeth Warren, mas a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, e outros líderes democratas têm adotado cautela sobre o tema.
Baseado nas investigações da influência da Rússia nas últimas eleições presidenciais americanas, o impeachment, avaliam, poderia trazer desgaste eleitoral desnecessário para a oposição.
A seu estilo, Trump já tem o prontuário sobre o assunto: quando os democratas o atacam, diz o presidente, estão atacando o seu eleitor.
É a prova de que o reforço com sua base eleitoral vai ditar o caminho que precisa percorrer até outubro de 2020.
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