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Acordo com Paraguai sobre Itaipu sofreu 'uso político', diz presidente da Eletrobras

Segundo Wilson Ferreira Jr., países já retomaram conversas para novo acerto

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São Paulo | Reuters

acordo assinado entre Brasil e Paraguai sobre a contratação da energia produzida pela hidrelétrica binacional de Itaipu, que acabou cancelado por Assunção após quase derrubar o presidente Mario Abdo Benítez, foi alvo de "uso político", disse nesta quinta-feira (15) o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Jr.

Segundo o executivo da estatal brasileira, as negociações entre as partes por um novo acerto já foram retomadas.

A Eletrobras é responsável pela gestão de Itaipu no Brasil, papel exercido no Paraguai pela também estatal Ande, e as negociações que levaram ao acordo anterior haviam envolvido técnicos das empresas e os ministérios das Relações Exteriores dos países, segundo o executivo.

Deputados paraguaios fazem protesto contra o presidente Mario Abdo Benítez devido ao acordo com o Brasil - Jorge Adorno - 7.ago.19/Reuters

O Ministério de Minas e Energia brasileiro e o Itamaraty disseram na semana passada que o acordo cancelado tinha como objetivo reequilibrar a divisão da energia da usina entre os países, "de modo que cada parte pague pela energia que efetivamente consome", e que Brasil e Paraguai continuarão buscando a "correção dos eventuais desequilíbrios".

"Talvez a gente possa entender. Itaipu... Não tem uma relevância absoluta no PIB brasileiro, mas tem sim no caso do Paraguai... Houve esse uso político perturbador, deu-se um passo atrás, mas vai se continuar perseguindo esse processo", disse Ferreira, ao participar de evento com investidores em São Paulo.

Abdo Benítez, eleito em abril de 2018 com 46% dos votos, quase sofreu um impeachment no início de agosto devido ao acordo secreto assinado em maio, que traria prejuízos de mais de US$ 200 milhões a Assunção.

A ata, porém, acabou sendo revelada no fim de julho, causando a crise política. O paraguaio é um aliado do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro

A oposição e parte do Partido Colorado, sigla de Abdo Benítez, anunciaram que votariam o impeachment do presidente devido ao documento. A pressão só diminuiu quando o governo anunciou em 1º de agosto que estava cancelando o acordo.

Apesar de a possibilidade de impeachment ter diminuído, a oposição tem convocado protesto nas ruas e entrou com um segundo pedido para a saída do presidente

Sua situação piorou quando foram entregues ao Ministério Público conversas vazadas entre o então presidente da Ande (estatal energética paraguaia) e o advogado José Rodríguez, que se apresentava como assessor jurídico do vice-presidente paraguaio, Hugo Velázquez. Depois que os chats vieram à tona, ambos negaram ter um vínculo. 

Nas conversas, fala-se de uma possível venda de parte da energia que corresponde ao Paraguai a uma empresa brasileira, a Léros, que segundo essas mensagens estaria ligada à família Bolsonaro

Alguns dias depois, outros diálogos divulgados mostraram que, além de Velázquez, o próprio Abdo Benítez também estaria a par da negociação e a teria aprovado. Por isso, tanto o presidente quanto seu vice tiveram que depor a o Ministério Público paraguaio.

 

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