Enfrentando uma crise política causada pela assinatura de um acordo com o Brasil sobre o uso da energia da usina de Itaipu, o presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, completa um ano de mandato nesta quinta (15) com a popularidade em baixa.
Segundo pesquisa divulgada nesta quarta-feira (14) pelo jornal local Ultima Hora, quase 70% da população desaprova a gestão do mandatário.
O levantamento mostra que 69,3% dos 1.200 entrevistados considera o governo de Abdo Benítez como ruim ou muito ruim, contra 30,7% que o consideram bom ou muito bom —o questionário não incluiu a possibilidade de um governo regular.
Mesmo entre membros de seu Partido Colorado, de tendência conservadora, ele é desaprovado por 64,8%, de acordo com a pesquisa realizada pelo Centro de Investigação e Estudos Socioeconômicos.
Abdo Benítez, eleito em abril de 2018 com 46% dos votos, quase sofreu um impeachment no início de agosto devido ao acordo com o Brasil, que acabou sendo cancelado.
Os dois países assinaram em 24 de maio um acordo secreto sobre a distribuição de energia da usina hidrelétrica binacional de Itaipu que traria prejuízos de mais de US$ 200 milhões a Assunção.
A ata, porém, acabou sendo revelada no fim de julho, causando a crise política. O paraguaio é um aliado do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro.
A oposição e parte do Partido Colorado, sigla de Abdo Benítez, anunciaram que votariam o impeachment do presidente devido ao documento. A pressão só diminuiu quando o governo anunciou em 1º de agosto que estava cancelando o acordo.
Apesar da possibilidade de impeachment ter diminuído, a oposição tem convocado protesto nas ruas e entrou com um segundo pedido para a saída do presidente.
Sua situação piorou quando foram entregues ao Ministério Público conversas vazadas entre o então presidente da Ande (estatal energética paraguaia) e o advogado José Rodríguez, que se apresentava como assessor jurídico do vice-presidente paraguaio, Hugo Velázquez. Depois que os chats vieram à tona, ambos negaram ter um vínculo.
Nas conversas, fala-se de uma possível venda de parte da energia que corresponde ao Paraguai a uma empresa brasileira, a Léros, que segundo essas mensagens estaria ligada à família Bolsonaro.
Alguns dias depois, outros diálogos divulgados mostraram que, além de Velázquez, o próprio Abdo Benítez também estaria a par da negociação e a teria aprovado. Por isso, tanto o presidente quanto seu vice tiveram que depor para o Ministério Público paraguaio.
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