Na Irlanda, Boris Johnson diz que brexit sem acordo seria 'fracasso político'
Parlamento britânico será suspenso a partir da noite desta segunda, anuncia governo
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
Eleito com a promessa de tirar o Reino Unido da União Europeia de qualquer maneira, o premiê Boris Johnson suavizou seu discurso nesta segunda (9) em visita à Irlanda e afirmou que uma saída do país do bloco sem um acordo entre os dois lados seria um "fracasso político".
"Pelo bem dos negócios, dos agricultores e de milhões de pessoas comuns que contam conosco para usar nossa imaginação e criatividade para fazer isso, quero que você saiba que eu preferiria, esmagadoramente, encontrar um acordo", disse Boris após se reunir com o primeiro-ministro irlandês Leo Varadkar.
A partir desta segunda à noite, o Parlamento britânico será suspenso por cinco semanas, informou um porta-voz oficial do ministro britânico. A data exata do início da interrupção, que durará até 14 de outubro, ainda não havia sido confirmada.
Na Irlanda, Boris também manifestou o desejo de viabilizar uma resolução para o impasse durante a cúpula da UE, que será realizada nos dias 17 a 18 de outubro, e afirmou ter "ideias para apresentar a Dublin" que permitissem a saída do bloco até 31 de outubro, prazo final estabelecido.
Em entrevista coletiva, o primeiro-ministro irlandês foi incisivo ao sugerir que Boris apresente propostas específicas para o futuro da fronteira irlandesa e ao dizer que Dublin não poderia confiar em simples promessas.
"Estamos abertos a alternativas, mas elas devem ser realistas, juridicamente vinculantes e viáveis. Não recebemos esse tipo de proposta até o momento", disse Varadkar a Boris.
"O que não faremos, e eu sei que você entende isso, é concordar com a substituição de uma garantia legal por uma promessa", afirmou o primeiro-ministro irlandês.
Evitar a instalação de uma nova infraestrutura na fronteira com a Irlanda tem sido um dos pontos mais problemáticos das negociações entre as partes.
Atualmente, não existem barreiras físicas na fronteira entre Irlanda do Norte (parte do Reino Unido) e República da Irlanda (país independente que faz parte da UE), um desdobramento do pacto de paz firmado no fim dos anos 1990 e que pôs fim ao conflito entre católicos e protestantes na região.
Com o brexit, porém, esses bloqueios poderiam voltar caso Londres e Bruxelas não cheguem a um acordo de livre circulação entre os países.
O “backstop”, como é chamado o mecanismo, permitiria assim que as fronteiras entre as Irlandas permanecessem abertas depois da saída britânica.
Todos os esforços movidos pelo primeiro-ministro até agora, no entanto, visavam impedir a implementação do dispositivo, que exigiria do Reino Unido o cumprimento de regras da UE.
"Estou absolutamente destemido com o que pode acontecer no parlamento", disse Boris nesta segunda. "Acho que o que o povo britânico quer é que façamos um acordo que nos leve para fora em 31 de outubro."
A suspensão do Parlamento nas próximas semanas foi uma manobra do premiê para evitar reveses que pudessem postergar a realização do brexit.
Mas, na última semana, os representantes da Câmara dos Comuns foram mais ágeis e aprovaram medida que proíbe o país de deixar a União Europeia sem antes ter um acordo com o bloco para regular a relação futura entre eles.
De acordo com mensagens de WhatsApp vazadas e divulgadas pelo site BuzzFeed News, há parlamentares conservadores pedindo a Boris que viole a lei e tire o Reino Unido da UE sem um acordo em 31 de outubro.
A conversa, ocorrida no final de semana, endossa as especulações de que o prmeiê pode ignorar a legislação aprovada e pedir à rainha para não conceder o consentimento real.
"O governo tem o direito de exigir que não entreguemos poder ao Parlamento para amarrar as mãos do primeiro-ministro. Todos sabemos as consequências", escreveu o conservador Iain Duncan Smith.
A proposta apresentada no grupo de WhatsApp, que contou com o apoio dos deputados Sheryll Murray e Chris Green, foi repreendida pelo atual secretário da Justiça, Robert Buckland.
"Para qualquer pessoa que tenha alguma dúvida, este governo, como seus antecessores, observa o Estado de Direito em todos os tempos e para todas as estações", afirmou.
Os parlamentares ainda barraram, na última semana, a realização de eleições antecipadas, uma vontade do premiê.
Receba notícias da Folha
Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber
Ativar newsletters