Atirador mata agente em ataque inédito na sede da antiga KGB em Moscou
Agressor foi morto pela segurança após episódio que autoridades classificam como ato de terrorismo
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Um inédito ataque na sede do principal serviço secreto russo, no prédio da antiga KGB em Moscou, deixou ao menos um morto, segundo o governo.
De acordo com relatos da imprensa local, um atirador entrou na recepção do enorme prédio na praça Lubianka, no centro da capital russa, às 17h40 (11h40 em Brasília). Já a polícia afirma que ele não chegou a entrar no salão, tendo disparado do lado de fora.
Armado com um fuzil Kalachnikov, ele descarregou a arma até ser baleado e morto pela segurança, naquilo que as autoridades já classificam como um ato de terrorismo.
O Ministério da Saúde informou que a vítima é um oficial do FSB (Serviço Federal de Segurança) e que há pelo menos cinco feridos. Já o jornal Izvestia falou em três mortos, sem precisar sua fonte.
A polícia cercou toda a região em volta do local, uma das mais turísticas de Moscou e a menos de 1 km da praça Vermelha, ponto central da cidade.
Ainda não há identidade ou motivação do agressor, e testemunhas disseram ter ouvido vários tiros fora do edifício também, o que pode sugerir a presença de outros envolvidos.
Os detalhes do caso tendem a ser esparsos, dada a rigidez no controle de informação do temido FSB, a agência que herdou o prédio e as funções de controle interno da KGB, desmembrada após o fim da União Soviética em 1991.
O comunicado do órgão falava apenas em incidente “próximo do prédio 12 da rua Bolshaia Lubianka”.
Já houve ataques a instalações do FSB antes, como num atentado suicida que deixou feridos na sede regional do serviço em Arkhangelsk, no norte do país, em 2018.
Mas contra a sede só se tem conhecimento de uma performance feita por um artista em 2015, que colocou fogo numa das portas de madeira maciça do prédio e acabou preso.
Ele protestava contra a influência do FSB no governo —aliados do presidente Vladimir Putin, que foi diretor do órgão antes de chegar ao poder em 1999, vieram do serviço e ocupam posições estratégicas na Rússia.
O incidente mais grave nas redondezas ocorreu em 2010, quando terroristas islâmicas contrárias ao domínio russo da Tchetchênia atacaram a estação de metrô do outro lado da praça, também chamada de Lubianka, e mataram 26 pessoas.
A ação foi coordenada com outra explosão na estação Park Kulturi, e o total de mortos chegou a 40.
O prédio na praça Lubianka é um dos mais famosos símbolos da repressão do antigo império comunista, tendo abrigado a toda-poderosa KGB até 1991.
Naquele ano, com a queda do regime, a primeira estátua a ser derrubada na capital foi justamente a de Félix Djerzinski, fundador do serviço que antecedeu a KGB, a Tcheka.
Hoje a estátua pode ser vista em um parque de esculturas à beira do rio Moscou. O FSB herdou o mastodôntico edifício, que também abrigou a prisão da KGB e chegou a ter um pequeno museu operando.
Mesmo com o relaxamento da vida pós-soviética, é comum que turistas fazendo selfies muito próximas ao prédio sejam advertidos por guardas mal-encarados. Isso mudou um pouco durante o mês da Copa do Mundo de 2018.
Na frente dele, atravessando a enorme praça onde antes estava a estátua de Djerzinski, fica o começo da rua para pedestres Nikolskaia, um dos pontos focais das festas dos fãs do Mundial, com suas luzes suspensas e bares num caminho que deságua junto ao Kremlin.
O tiroteio ocorreu poucas horas após Putin conceder sua tradicional entrevista coletiva de fim de ano. Na sexta (20) haverá um feriado dos serviços de segurança, mas o FSB não correlacionou a data ao ataque.
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