Siga a folha

Descrição de chapéu Governo Trump

Mais de mil ex-funcionários do Departamento de Justiça dos EUA pedem renúncia de Barr

Secretário teria atendido a pedido de Trump e recomendado pena mais branda a amigo do presidente

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Devlin Barrett
Washington | The Washington Post

​Mais de 1.100 ex-funcionários do Departamento de Justiça dos EUA assinaram uma carta aberta no domingo (16) pedindo que o secretário de Justiça, William Barr, renuncie devido à forma como conduziu o caso de Roger Stone, velho amigo do presidente Donald Trump.

A carta, que também exortou os atuais funcionários do departamento a relatarem qualquer conduta antiética, é o sinal mais recente de uma crise de confiança interna no Departamento.

O presidente americano, Donald Trump, e o secretário de Justiça, William Barr, participam de cerimônia de entrega de medalhas na Casa Branca - Jim Watson - 22.mai.19/AFP

Quatro promotores que atuavam no caso renunciaram na última semana, depois que Barr e outros líderes do órgão pediram uma recomendação de pena mais branda para o aliado do presidente, que deverá receber a sentença nesta semana.

Os quatro promotores tinham originalmente pleiteado uma pena de prisão de sete a nove anos para Stone, que foi julgado culpado por mentir ao Congresso e obstruir a Justiça.

O presidente Trump atacou publicamente o pedido da acusação e, sob ordens de Barr, o Departamento de Justiça enviou uma nova petição, recomendando que a Corte determinasse uma pena mais branda.

Barr disse que não conversou com o presidente sobre a sentença de Stone, mas ex e atuais funcionários do Departamento de Justiça criticaram fortemente o secretário.

Roger Stone chega a tribunal para audiência de seu processo - Yara Nardi - 15.nov.2019/Reuters

"As ações de Barr ao atender o desejo pessoal do presidente infelizmente falaram mais alto que suas palavras", escreveram ex-oficiais na carta publicada online.

"[Por causa desses] atos, e os danos que eles causaram à reputação da integridade do Departamento de Justiça e ao respeito ao Estado de Direito, [exigimos] que Barr renuncie."

As assinaturas na carta foram reunidas pelo grupo Protect Democracy, que criticou a atuação de Barr no inquérito do procurador especial Robert Mueller sobre a interferência russa na eleição de Trump.

A carta reconhece que a probabilidade de as críticas dos signatários levarem à saída de Barr é pequena e acrescenta: "Como temos pouca expectativa de que ele o faça, cabe às autoridades de carreira do Departamento tomarem medidas adequadas para cumprir seus juramentos de cargo e defenderem uma Justiça apolítica e apartidária".

O documento pede que cada funcionário do departamento siga o exemplo "heroico" dos quatro promotores que deixaram o caso de Stone "e se preparem para relatar futuros abusos ao inspetor-geral, ao Escritório de Responsabilidade Profissional e ao Congresso; se recusem a implementar diretrizes que sejam inconsistentes com seus juramentos no cargo; retirem-se de casos que envolvam tais diretrizes ou outros desvios de conduta; e, se necessário, renunciem e informem publicamente —de maneira coerente com sua ética profissional—  os motivos de sua renúncia à população americana".

A carta pede vigilância semelhante em outros órgãos do governo, acrescentando: "O Estado de Direito e a sobrevivência de nossa República exigem nada menos que isso".

Uma porta-voz do Departamento de Justiça não quis comentar.

Em entrevista na quinta-feira (13) à ABC News, Barr disse que comentários de Trump no Twitter tornam seu trabalho "impossível".

Dois dias antes, o presidente havia usado a rede social para criticar a recomendação inicial da pena de Roger Stone. 

"Esta é uma situação horrível e muito injusta. Os crimes reais estavam do outro lado, como nada acontece com eles. Não podemos permitir esse erro judiciário!", escreveu o presidente, referindo-se aos democratas.

Barr está entre os aliados mais leais de Trump —ele é rejeitado pelos democratas, que o vêem como nada mais que o advogado pessoal do presidente.

Suas declarações foram uma contestação pública do presidente inédita entre os membros do gabinete do republicano. 

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas