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Irã executa jornalista dissidente condenado por protestos de 2017

Ruhollah Zam foi capturado em 2019 após exílio na França

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São Paulo | Reuters e AFP

O jornalista iraniano Ruhollah Zam, condenado por fomentar a violência durante os protestos contra o governo em 2017, foi executado por enforcamento neste sábado (12), informou a TV estatal iraniana.

Em uma decisão na terça (8), a Suprema Corte do país manteve a sentença de morte do dissidente, capturado em 2019 após anos de exílio em Paris, onde vivia e trabalhava.

Zam mantinha um canal de notícias no Telegram com 1,4 milhão de seguidores, Amadnews, chamado de "rede contra-revolucionária" pelo governo. Suspenso em 2018 pela rede social com a justificativa de "incitar a violência", a pedido de Teerã, a lista de distribuição retornou em seguida com novo nome.

Seus canais espalharam os horários dos protestos e informações embaraçosas sobre autoridades que desafiavam diretamente o governo iraniano.

Ruhollah Zam, jornalista dissidente capturado e executado - Mizan News Agency -2.jun.2020/ Wana / via Reuters

A França e grupos de direitos humanos condenaram a decisão do Supremo iraniano. A ONG Repórteres Sem Fronteiras se disse "indignada com este novo crime da justiça iraniana" e culpou o líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei, pela execução. A organização já havia alertado a Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, em outubro, sobre a iminência da execução.

A Anistia Internacional também criticou a sentença. De acordo com a ONG, a República islâmica recorre cada vez mais à "pena de morte como arma de repressão", o que chamou de "espantoso".

Uma nota oficial da União Europeia afirmou que "é imperativo que as autoridades iranianas defendam o direito ao devido processo dos acusados ​​e ponham fim à prática de usar confissões televisionadas para estabelecer e promover sua culpa".

Em junho, um tribunal condenou Zam à morte, dizendo que ele havia sido sentenciado por "corrupção na Terra", uma acusação frequentemente usada em casos que envolvem espionagem ou tentativas de derrubar o governo do Irã.

Em outubro de 2019, a Guarda Revolucionária do Irã, exército ideológico do país, informou ter prendido o jornalista em uma "operação complexa", com uso de informações de inteligência. Não se sabe onde ocorreu essa operação.

A Nour News, agência de notícias próxima da Guarda Revolucionária, afirmou na semana passada que Zam foi detido por agentes depois de viajar ao Iraque em setembro de 2019 e então levado ao Irã.

A Justiça acusou o opositor, que tinha 47 anos, de ser influenciado pelo serviço de inteligência francês e apoiado pelos serviços secretos dos Estados Unidos e de Israel.

Ao menos 25 pessoas morreram nos atos contra o elevado custo de vida no país que afetaram dezenas de cidades iranianas entre 28 de dezembro de 2017 e 3 de janeiro de 2018, em um dos piores levantes locais em décadas. Teerã descreveu o movimento como sedição, o que rapidamente ganhou caráter político.

A pauta dos protestos acabou incluindo o presidente e até o líder supremo. Fora do país, o levante foi estimulado por figuras contrárias a Teerã, como o presidente americano, Donald Trump, e o premiê israelense, Binyamin Netanyahu.

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