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Jornalista turca é presa sob acusação de insultar presidente Erdogan

Kabas usou provérbios para fazer referências ao presidente, mas não mencionou explicitamente seu nome

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Istambul | Reuters

Um tribunal turco ordenou neste sábado (22) que Sedef Kabas, jornalista conhecida no país, fosse presa enquanto aguarda julgamento sob a acusação de insultar o presidente Recep Tayyip Erdogan. As informações foram divulgadas inicialmente pela rede CNN na Turquia.

A polícia deteve Kabas durante a madrugada e a levou para uma delegacia de polícia em Istambul. Depois, a transferiu para o tribunal da cidade, onde a corte decidiu a favor de sua prisão formal.

Oo presidente da Turquia Recep Tayyip Erdogan, durante uma conferência em Istambul - 6.dez.21-Xinhua

Kabas usou provérbios turcos tradicionais para fazer referências a Erdogan, mas não mencionou explicitamente o nome do político. "Há um provérbio muito famoso que diz que uma cabeça coroada se torna mais sábia. Mas vemos que não é verdade", disse Kabas. "Quando um gado entra em um palácio ele não se torna rei, mas o palácio se torna um celeiro."

Merdan Yanardag, editor-chefe do canal Tele 1, no qual Kabas fez o comentário durante uma transmissão ao vivo, criticou duramente a prisão da jornalista.

"Sua detenção às 2h da manhã por causa de um provérbio é inaceitável", escreveu ele no Twitter. "Essa postura é uma tentativa de intimidar os jornalistas, a mídia e a sociedade."

A lei que trata de insultos ao presidente prevê pena de prisão que vai de um a quatro anos. Milhares de pessoas foram acusadas e sentenciadas por insultar Erdogan nos sete anos desde que ele passou de primeiro-ministro a presidente.

Desde 2014, quando Erdogan assumiu o cargo, 160.169 investigações foram iniciadas com essa justificativa, 35.507 casos foram arquivados e houve 12.881 condenações.

"A honra do gabinete da Presidência é a honra do nosso país. Condeno os insultos vulgares feitos contra nosso presidente e seu gabinete", escreveu no Twitter Fahrettin Altun, chefe da Diretoria de Comunicações da Turquia.

Erdogan assumiu como premiê da Turquia em 2003, pelo partido AKP, de orientação islamita e conservadora. Ele ficou no cargo até 2014, quando seu partido o impediu de tentar um quarto mandato. Então, se elegeu presidente e aumentou os poderes do cargo.

Após ter concentrado poderes, Erdogan derrotou um golpe contra si em 2016 e deu início a uma onda de repressão e expurgos –prendendo opositores e funcionários públicos e fechando veículos de informação.

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