Siga a folha

Descrição de chapéu China tiktok tecnologia

Dona do TikTok admite ter espionado jornalistas americanos pelo aplicativo

Edição da newsletter China, terra do meio explica denúncia que enfureceu políticos americanos e europeus

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Igor Patrick
Washington

Esta é a edição da newsletter China, terra do meio. Quer recebê-la todas as sextas no seu email? Inscreva-se abaixo.

A ByteDance, dona da popular rede social TikTok, admitiu nesta semana que usou o aplicativo para espionar jornalistas americanos que faziam uma cobertura crítica da empresa. O gigante da tecnologia se viu obrigado a confirmar a violação após uma repórter da Forbes ter tido acesso a gravações e transcrições de reuniões internas na China em que executivos comentavam a prática.

Segundo a publicação, a empresa rastreou a própria autora da reportagem, além de profissionais do BuzzFeed News, do jornal Financial Times e de contatos próximos a eles. O objetivo era descobrir quais funcionários estavam servindo como fontes e vazando dados sigilosos para a imprensa.

A ByteDance usava dados pessoais —como local de residência, emails e endereços de IP— dos repórteres e os cruzava com os dos próprios funcionários para descobrir se eles batiam. A empresa inicialmente tentou negar as acusações, mas, diante de provas, declarou apenas estar "profundamente desapontada" com o caso, prometendo mudanças internas.

A denúncia enfureceu políticos americanos e europeus. Em viagem a Bruxelas na quarta (11), o CEO do TikTok, Shou Zi Chew, tentou tranquilizar eurodeputados afirmando que o aplicativo estava comprometido com o respeito a políticas de privacidade do bloco e o fortalecimento de medidas que garantam a segurança de crianças que acessam a plataforma.

Por que importa: A denúncia tem tudo para dificultar ainda mais a vida do TikTok nos EUA. O app quase foi bloqueado durante a gestão do ex-presidente Donald Trump, mas com Joe Biden essa cobrança foi atenuada.

Agora, pesa contra a empresa um projeto de lei do senador Marco Rubio para proibir de vez o aplicativo em território americano. Associado à ultradireita, o republicano conseguiu o apoio de um correligionário moderado, Mike Gallagher, e de um democrata, Raja Rishnamoorthi, indicando que a medida pode angariar algum apoio bipartidário caso vá a votação no Congresso.

o que também importa

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, foi realocado de função e transferido para um cargo menor na hierarquia governamental. Zhao agora será vice-diretor do Departamento de Fronteiras e Assuntos Oceânicos.

Considerado uma das autoridades mais controversas do regime, Zhao se notabilizou como o rosto da chamada "diplomacia do lobo guerreiro", um estilo de comunicação combativo que faz referência a um filme chinês ultranacionalista de mesmo nome.

Ao longo da carreira à frente dos briefings com a imprensa, ele se notabilizou por uma série de polêmicas —provocações raciais aos americanos, adulteração de uma foto, dando a entender que um soldado australiano teria matado uma criança afegã, e, mais notoriamente, as inúmeras vezes em que sugeriu que o coronavírus era uma arma biológica criada por militares dos EUA.

A chancelaria de Pequim não justificou a mudança de cargo e ainda não anunciou o substituto de Zhao.

Farmacêuticas americanas responsáveis por fabricar medicamentos para o tratamento da Covid estão resistindo à pressão de Pequim para reduzir preços na China.

A Merck & Co, por exemplo, fabrica o Molnupiravir. O medicamento conseguiu reduzir em até 50% os riscos de hospitalização pela doença e está disponível em vários países. Na China, o tratamento completo custará ¥ 1500 (R$ 1.137), valor inferior aos US$ 700 (R$ 3.576) cobrados nos EUA, mas ainda acima do esperado para países em desenvolvimento.

Já o Paxlovid, produzido pela Pfizer e com taxa de redução em hospitalizações de 88%, não está disponível para compra em farmácias. Negociações entre a agência chinesa que supervisiona o programa de seguro médico estatal e a farmacêutica para a fabricação de genéricos fracassaram no último fim de semana.

Em nota postada no mensageiro WeChat, a Merck informou que está negociando para que a Sinopharm fabrique o Molnupiravir na China, o que poderia fazer o preço cair. A Pfizer ainda não se manifestou. Huang Xinyu, da Administração Nacional de Segurança em Saúde da China, lamentou o fracasso nas tratativas com a farmacêutica, mas assegurou que trabalha para aprovar novas drogas para tratar a doença e que a concorrência pode resolver a questão dos preços.

Fique de olho

Reagindo às restrições impostas a turistas chineses, Pequim anunciou que vai suspender a emissão de vistos de curto prazo a cidadãos da Coreia do Sul e do Japão. A medida só vai ser revista quando houver o "cancelamento de restrições discriminatórias" pelos países, anunciaram as embaixadas chinesas em Tóquio e Seul.

Na quarta (11), o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês Wang Wenbin comentou a decisão, dizendo que a China espera que "países relevantes tomem medidas científicas e apropriadas com base em fatos, em vez de usar a pandemia para se envolver em manipulação política ou práticas discriminatórias".

Por que importa: O relacionamento da China com Coreia do Sul e Japão sempre foi marcado por tensões. Pequim enxerga os dois como extensão da ingerência americana na região e, no caso do Japão, pesam ainda acusações de genocídio durante a Segunda Guerra Mundial —as quais Tóquio nunca reconheceu nem ofereceu um pedido de desculpas.

O anúncio eleva a temperatura na vizinhança da China e torna mais difícil a cooperação a curto prazo.

A mudança gradual de foco da Rússia para a China pressiona o país asiático e pode ter consequências militares imprevisíveis.

Para ir a fundo

  • A embaixada da China em Brasília vai convidar três famílias brasileiras para celebrar o Ano-Novo Chinês em um jantar oferecido pelo novo embaixador, Zhu Qingqiao. Quem quiser concorrer precisa se inscrever em um concurso da representação no Instagram. (gratuito, em português)
  • O Instituto Confúcio da Unesp abriu inscrições para novas turmas de mandarim. As aulas acontecem online ou presencialmente no campus da universidade. As matrículas vão até 23 de fevereiro e as informações sobre valores podem ser conferidas aqui. (pago)

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas