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Conflito no Sudão já deixa mais de 400 mortos e segue em meio a feriado islâmico

Em vez de cessar-fogo, Exército entra em nova fase contra milícia com ataques diretos por solo

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Cartum (Sudão) | Reuters

Soldados do Exército e homens armados do grupo paramilitar RSF (Forças de Apoio Rápido, em português) voltaram a se enfrentar em diferentes bairros da capital do Sudão, Cartum, nesta sexta (21).

Os embates não pouparam nem mesmo o início do Eid al Fitr, feriado que marca o fim do período de jejum do Ramadã. Conflitos foram registrados no norte, no oeste e no centro da cidade, inclusive durante a convocação para as orações matinais.

Pessoas tentam fugir em uma estrada nos arredores de Cartum - Ebrahim Hamid/AFP

Devido à disputa entre soldados leais ao general Abdel Fattah al-Burhan, que comanda o país desde o golpe de Estado em 2021, e a milícia liderada pelo também general Mohamed Hamdan Dagalo, conhecido como Hemedti —eles divergem sobre como integrar a milícia ao Exército—, 413 pessoas foram mortas, e 3.551, feridas desde que os combates se intensificaram, há seis dias, de acordo com números divulgados pela OMS (Organização Mundial da Saúde) nesta sexta.

Até agora, o órgão também registrou 11 ataques a instalações médicas no país, afirmou a porta-voz Margaret Harris, enquanto milhares de pessoas tentam fugir para o país vizinho Chade. A comunidade internacional pressiona por uma trégua temporária que permita aos civis acessar corredores humanitários e visitar familiares durante o feriado de três dias. Países como EUA, Japão, Coreia do Sul, Alemanha e Espanha tentam retirar seus cidadãos —e alguns, como a Suécia, os funcionários de embaixadas.

Antes, um comboio diplomático dos EUA já havia sido atingido por tiros, o embaixador da União Europeia, agredido em sua casa, e o diretor da missão humanitária do bloco, hospitalizado após ser baleado.

Além disso, nesta sexta, um funcionário da Organização Internacional para as Migrações foi morto. Devido à situação, o Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas interrompeu sua operação no país, uma das maiores missões de apoio do mundo, quando três de seus integrantes foram assassinados em Darfur.

Agora, em vez de um cessar-fogo, o Exército, após ter concentrado suas operações principalmente em ataques aéreos, passou a uma nova fase de combates em solo contra o RSF, que tentam tomar o poder.

Morador de Cartum, Mohamed Saber Turaby, 27, queria visitar seus pais em uma cidade a 80 km da capital durante o feriado islâmico, mas não conseguiu. "Sempre que tento sair de casa, há confrontos", disse ele. "Houve bombardeio ontem à noite e agora forças de segurança estão nos arredores."

O general al-Burhan, líder do Sudão, afirmou na quinta-feira (20) não ver "nenhuma outra opção que não seja a via militar", apenas refletindo o que aconteceu no país desde o último sábado, com armamento pesado sendo usado em Cartum e em cidades vizinhas, em uma das maiores áreas urbanas da África.

A escassez de alimentos, os apagões e a falta de água encanada desesperam os civis que permanecem em suas casas depois que negociações de acordos de tréguas humanitárias falharam.

Um cessar-fogo acertado na terça (18) entre o regime militar e os paramilitares, pactuado após pressão dos EUA, durou poucas horas. Em seguida, tiros podiam ser ouvidos em transmissões de TVs que operam na capital do país, com moradores relatando episódios de violência. As RSF e o Exército se acusaram mutuamente de violar o acordo. Outra tentativa de cessar-fogo também fracassou dois dias antes.

Milhares de pessoas que enfrentaram os combates para fugir do Sudão encontraram um cenário de destruição, com edifícios em ruínas e cadáveres nas ruas. Os confrontos atuais são o ponto máximo das divergências entre o Exército e as RSF, criadas em 2013 por Omar al Bashir, ditador deposto pelos então aliados Hemedti e Burhan em abril de 2019, após grandes protestos contra as três décadas de ditadura.

Em outubro de 2021, ambos lideraram um golpe contra o governo civil instalado depois da queda de Bashir, o que acabou com a transição apoiada pela comunidade internacional. Burhan afirmou que o golpe era "necessário" para incluir outras facções na política, mas para Hemedti a tomada do poder não gerou mudanças e reforçou a presença de remanescentes do regime de Bashir.

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