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Lasso diz que não concorrerá à Presidência em novas eleições no Equador

Presidente equatoriano dissolveu a Assembleia na última quarta (17) e convocou um novo pleito

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São Paulo

O presidente do Equador, Guillermo Lasso, não estará nas próximas eleições convocadas por ele mesmo após dissolver a Assembleia para evitar um impeachment. Ele é reprovado por 80% da população.

"O fundamental era dar uma saída para a crise política", afirmou o líder ao jornal americano The Washington Post nesta sexta-feira (19), descrevendo seu gesto como um "ato de generosidade com o país, para encurtar o mandato presidencial e alcançar o interesse comum dos equatorianos".

O presidente do Equador, Guillermo Lasso, durante entrevista - Bastien Inzaurralde - 20.dez.22/AFP

Lasso tampouco se preocupa com quem ocupará a sua cadeira. "Meu objetivo não é impedir que alguém volte ao Equador", afirmou, em uma referência velada ao seu antecessor, Rafael Correa. Presidente entre 2007 e 2017, o ex-líder vive na Bélgica, país de sua mulher, e tem uma condenação por corrupção em sua terra natal que atribui à perseguição política.

Nesta quinta-feira (18), o ex-presidente se manifestou pelo Twitter. "Quer saber? Apesar de suas mentiras e contradições, Lasso está certo: vivemos uma comoção interna. Vamos para essas eleições para acabar com eles nas urnas", escreveu.

Segundo o atual presidente, seus últimos meses no poder serão de foco nos problemas de saúde, educação, infraestrutura e segurança —este último, um tópico que ganhou força nos últimos anos.

Antes visto como um país pacífico, o Equador viu a violência crescer no último ano, quando a taxa de homicídios saltou de 14 para 25 por 100 mil habitantes em relação a 2021. Guayaquil, a sudoeste do país, é uma das cidades mais impactadas pelo narcotráfico e pela violência. Localizado entre Colômbia e Peru, os dois maiores produtores de cocaína do mundo, o Equador tem uma posição estratégica para o envio de drogas para os Estados Unidos e para a Europa.

Agora governando por decreto, o presidente pretende assinar uma medida na semana que vem para dar mais respaldo ao uso da força pelas agentes de segurança. O texto, defende, vai dar "mais confiança, tranquilidade e segurança às nossas autoridades, para que possam usar suas armas para proteger cidadãos inocentes e também a si mesmos". Diante da escalada de crimes, Lasso já havia autorizado o porte de armas por civis e declarado estado de emergência e toque de recolher em algumas regiões.

Na última quarta-feira (17), o presidente aplicou o dispositivo constitucional chamado "morte cruzada", que consiste na dissolução do Parlamento, hoje controlado pela oposição, e na convocação de um novo pleito. Ele corria o risco de ser retirado do cargo por acusações de desvio de dinheiro.

A medida está prevista na Constituição do país, mas nunca havia sido utilizada antes. Ela permite que o presidente governe por decreto até que um novo pleito seja realizado, em até três meses —na prática, de acordo com analistas, a posse do novo presidente pode demorar até oito meses devido aos ritos eleitorais.

A ferramenta pode ser acionada em três casos: se o Legislativo assumir funções que não lhe correspondam, se obstruir o governo "de forma reiterada e injustificada" ou devido a uma grave crise política e comoção interna. Lasso citou o último motivo no decreto. O próximo presidente eleito assumirá pelos cerca de 18 meses restantes do mandato, até as eleições de 2025.

Seu governo já vinha indicando a possibilidade de publicar o decreto ao perceber que a oposição conseguiria os votos suficientes para depô-lo. No processo de impeachment, o presidente foi acusado de desvio de dinheiro público, por supostamente ter mantido contratos de transportes de petróleo que geraram prejuízos milionários. Ele nega as acusações, já que os acordos foram firmados antes de assumir o poder, e alega que a votação não era válida, pois não contou com um relatório da Comissão de Fiscalização, que o isentou do crime.

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