Equador decreta estado de exceção em 3 províncias em meio a violência do narcotráfico

Anúncio vem poucas semanas antes de Guillermo Lasso, que renovou gabinete presidencial, completar um ano no cargo

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Quito | AFP

O presidente do Equador, Guillermo Lasso, voltou a decretar estado de exceção no país com o argumento de combate à violência impulsionada pelo narcotráfico. Desta vez, as províncias de Guayas, Manabí e Esmeraldas terão maior policiamento e toque de recolher por 60 dias, disse o mandatário nesta sexta (29).

"As ruas sentirão o peso da força pública", afirmou Lasso, acrescentando que 4.000 oficiais da polícia e outros 5.000 das Forças Armadas serão distribuídos entre as três províncias para "impor a paz e a ordem".

O presidente do Equador, Guillermo Lasso, chega para uma reunião com seu homólogo uruguaio, Luis Lacalle Pou, em Montevidéu - Nicolás Celaya - 19.abr.22/Xinhua

A medida passa a valer a partir de 0h deste sábado (30), e o toque de recolher será realizado das 23h às 5h no horário local (1h às 7h no horário de Brasília). Guayaquil, centro comercial do país e capital da província de Guayas, é um dos principais pontos de atenção.

Desde o início do ano, mostram cifras oficiais, 1.255 pessoas morreram em episódios ligados ao narcotráfico, e cerca de 440 casos foram registrados só em Guayaquil e Durán. Preocupante também é a situação nos presídios —ao menos 350 morreram em meio a brigas entre facções.

O novo decreto vem poucas semanas antes de Lasso completar um ano no cargo. A data foi marcada no governo com uma renovação do gabinete presidencial. Lasso pediu, também nesta sexta, a renúncia de seus ministros de Energia, Agricultura e Direitos Humanos —pasta que cuida dos presídios.

A secretaria de Comunicação, numa rede social, diz que a iniciativa faz parte de uma ampla avaliação do gabinete e que as mudanças para "melhores perfis" serão pertinentes para cumprir objetivos do governo.

Uma troca já havia sido feita, na quarta (27), no Ministério da Defesa. Luis Hernández renunciou, em meio ao projeto de guerra contra o narcotráfico, e o ex-chefe conjunto das Forças Armadas Luis Lara (2019-2021) assumiu a pasta. Lasso reverenciou a trajetória militar de Lara que, disse, reflete seu profissionalismo e mostra que ele está à altura de organizar a segurança do país sul-americano.

O ministro do Interior, Patricio Carrillo, afirmou nesta semana reconhecer que o Equador atravessa uma crise de insegurança ligada à criminalidade. O país apreendeu no último ano o recorde anual de 210 toneladas de drogas, principalmente cocaína. De janeiro a abril, as apreensões passaram de 75 toneladas.

No último fim de semana, autoridades do país localizaram um pequeno avião com mais de 200 kg de cocaína em uma pista clandestina na província de Santa Elena, nas margens do oceano Pacífico.

Fronteiriço com a Colômbia e com o Peru, dois dos maiores produtores de cocaína do mundo, o território equatoriano serve de ponto de saída de carregamentos ilícitos até os Estados Unidos e a Europa, principalmente a partir do centro comercial de Guayaquil.

Lasso também decretou estado de exceção em todo o país em outubro passado. À época, o equatoriano, um ex-banqueiro envolvido no caso Pandora Papers, chegou a ameaçar decretar o mecanismo conhecido como "morte cruzada", que permite que o presidente dissolva a Assembleia Constitucional.

Com ele, em sete dias a partir da publicação do decreto o Conselho Nacional Eleitoral deve convocar eleições para todos os cargos do Legislativo e para a Presidência. Até lá, Lasso governaria por decreto.

Os novos eleitos assumiriam apenas para terminar o mandato, e todos que já ocupam cargos hoje poderiam se candidatar novamente.

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