Equador amplia atuação de militares após declarar gangues agentes terroristas

Governo do país manifesta interesse em cúpula de segurança na América do Sul durante visita de chanceler brasileiro

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São Paulo

O presidente do Equador, Guillermo Lasso, assinou nesta quarta-feira (3) um decreto executivo que classifica o terrorismo como uma ameaça real ao Estado. O peso da medida reside no fato de que, há poucos dias, o líder declarou as gangues urbanas grupos terroristas.

Assim, em meio aos esforços do país para combater o narcotráfico, espera-se que se multipliquem as operações promovidas por militares, que agora têm luz verde para patrulhar as ruas ao lado da polícia sem a necessidade de que seja decretado um estado de exceção.

O presidente do Equador, Guillermo Lasso, durante evento em Alausi
O presidente do Equador, Guillermo Lasso, durante evento em Alausi - Karen Toro - 27.mar.23/Reuters

Palco de um pujante tráfico de drogas, o Equador vê crescer a violência. A taxa de homicídios saltou de 14 para 25 por 100 mil habitantes de 2021 para 2022, segundo o governo, e, ainda de acordo com as autoridades locais, mais de 420 detentos morreram em meio a massacres em penitenciárias.

A medida do governo chama a atenção ao gerar dúvidas se a situação será controlada ou ampliada, em meio a um discurso cada vez mais agressivo. Em abril, o general Alexander Levoyer, que comanda a força tarefa entre polícias civil e militar, disse que as tropas têm "armamento letal, tanques de guerra, aviões de guerra". "Se nos permitem empregá-los contra os delinquentes, faremos isso com toda a força."

O Executivo local atribui a violência urbana a uma guerra entre gangues pela venda e pelo transporte de drogas. Entre janeiro e abril, o país confiscou 64 toneladas de droga. Em 2022, apreendeu mais de 200 toneladas, a maioria de cocaína. Para combater esses grupos, Lasso vinha adotando a estratégia —largamente criticada pela oposição— de decretar estados de exceção em diferentes partes do território.

Ele chegou a permitir que a população portasse armas com o objetivo de defesa pessoal.

As gangues foram declaradas terroristas no último dia 27 depois de decisão do Cosepe, o Conselho de Segurança Pública e do Estado, sob o argumento de que o terrorismo deveria ser considerado uma ameaça contra os pilares do Estado. Integrado por todos os Poderes e as cúpulas da polícia civil e das Forças Armadas, o conselho bateu o martelo após reunião que contou com a presença de Lasso.

No domingo (30), um ataque em Guayaquil, o centro econômico equatoriano marcado por extrema violência, deixou dez pessoas mortas e outras três feridas, incluindo uma menor de idade.

Ainda nesta quarta, o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, esteve no Equador para uma visita oficial. Em Quito, ele não mencionou os episódios violentos, mas disse que a luta contra o crime organizado internacional constitui uma prioridade aos governos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Lasso.

Um representante do governo equatoriano, por sua vez, disse que o líder equatoriano pretende convidar os demais chefes da América do Sul para uma reunião sobre segurança na região, ainda sem data definida.

Ele também afirmou que o presidente equatoriano deve participar da reunião de líderes da região que Lula está convocando para o próximo dia 30, em Brasília, e da reunião que o governo brasileiro marcou para agosto em Belém que pretende reavivar a OTCA (Organização do Tratado de Cooperação Amazônica).

Com AFP

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