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Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia Rússia

Ucrânia acusa Rússia de ataque que matou 11 pessoas em restaurante

Ofensiva ocorre após turbulência militar em território russo com motim de mercenários

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São Paulo

Ao menos 11 pessoas morreram e mais de 60 ficaram feridas em um ataque atribuído à Rússia contra um restaurante popular em Kramatorsk, uma das últimas grandes cidades sob domínio da Ucrânia no leste do país. A cifra inclui um bebê nascido no ano passado e duas irmãs gêmeas de 14 anos.

A ofensiva, que transformou a construção em uma pilha de vigas retorcidas, ocorreu após um motim de mercenários em território russo, na mais grave crise da era Vladimir Putin, iniciada em 1999. O movimento despertou temores de endurecimento militar de Moscou na Ucrânia.

Socorristas e voluntários procuram sobreviventes em destroços de restaurante atingido por míssil na Ucrânia - Genia Savilov - 27.jun.23/AFP

O ataque destruiu o Ria Pizza, restaurante muito procurado por soldados, jornalistas e trabalhadores de ONGs humanitárias. Autoridades ucranianas disseram que a Rússia disparou dois mísseis terra-ar S-300 contra a cidade, que tinha 150 mil habitantes antes da guerra. As operações de resgate continuavam nesta quarta, e sete pessoas haviam sido retiradas dos escombros com vida.

Mais tarde, o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, disse que os serviços de segurança do país prenderam o coordenador do ataque. "Quem ajudar os terroristas russos a destruir vidas merece a pena máxima", afirmou o líder ucraniano, para quem "ainda pode haver pessoas sob os escombros".

"Tudo explodiu lá", disse Valentina, mulher de 64 anos que não quis dizer seu sobrenome, à agência de notícias Reuters. "Não sobrou nenhum vidro, janela ou porta. Tudo o que vejo é destruição, medo e horror."

Um segundo míssil atingiu um vilarejo nos arredores de Kramatorsk, ferindo quatro pessoas. Questionado, o Kremlin repetiu sua alegação de que ataca alvos militares, não civis. Mais tarde, o Ministério da Defesa da Rússia afirmou que um posto de comando temporário do Exército ucraniano foi atingido.

Três colombianos estavam no estabelecimento e sofreram ferimentos leves: Sergio Jaramillo, que atuou em negociações de paz do governo com as Farc, o escritor Héctor Abad Faciolince e a jornalista Catalina Gómez. Eles jantavam com a escritora ucraniana Victoria Amelina, 37, hospitalizada em estado grave devido a uma lesão no crânio, provavelmente causada por estilhaços de vidros e vigas, de acordo com a polícia. Ela escreve romances e já foi finalista do Prêmio de Literatura da União Europeia.

Abad e Jaramillo viajaram à Europa para manifestar a "solidariedade da América Latina ao povo ucraniano diante da bárbara e ilegal invasão russa". O escritor é conhecido pelo romance "A Ausência que Seremos" (2006), que aborda a violência na Colômbia nos anos 1970 e 1980 com um recorte cotidiano.

"A Rússia atacou três civis colombianos indefesos", afirmou no Twitter o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, que costuma tergiversar quando questionado sobre a guerra. O político acusou a Rússia de "violar protocolos de guerra", na sua declaração mais contundente sobre o conflito até agora.

As irmãs gêmeas Anna e Iulia Aksentchenko completariam 15 anos em setembro, segundo o departamento de educação da cidade, que publicou uma foto das duas meninas sorrindo para a câmera no Facebook. O cozinheiro Roslan, 32, disse que o restaurante estava cheio no momento do ataque. Além do estabelecimento, houve danos em apartamentos, lojas, veículos, correios e outros prédios na região.

Localizada a oeste da cidade devastada de Bakhmut, conhecida como o "moedor de carne" na Guerra da Ucrânia, Kramatorsk é um objetivo provável em qualquer avanço da Rússia para o oeste. A cidade foi atingida por vários bombardeios desde o início do conflito. O mais mortal ocorreu em abril de 2022, quando 61 pessoas foram mortas e mais de 160 ficaram feridas em um ataque contra uma estação ferroviária, poucas semanas após o início da invasão russa.

Ao condenar o ataque contra a Ucrânia, o chanceler do país invadido, Dmitro Kuleba, minimizou os impactos das divisões internas na Rússia. Mercenários liderados por Ievguêni Prigojin, chefe do Grupo Wagner, iniciaram uma marcha contra o governo russo na última sexta-feira (23) —o movimento terminou um dia depois, após mediação do ditador da Belarus, Aleksandr Lukachenko.

"Infelizmente, Prigojin se rendeu muito rapidamente. Não houve tempo para o efeito desmoralizante penetrar nas trincheiras russas", disse Kuleba à rede americana de notícias CNN. O líder mercenário desembarcou nesta terça na Belarus, como parte do acordo que encerrou o motim.

Jens Stoltenberg, secretário-geral da Otan, a aliança militar liderada pelos EUA, disse que ainda é cedo para tirar conclusões sobre o movimento contra o governo Putin, mas enfatizou que a organização está preparada para defender seus membros. "Enviamos uma mensagem clara a Moscou e a Minsk de que a Otan está na região para proteger cada aliado e cada parcela de território da aliança", disse.

O premiê alemão, Olaf Scholz, disse que o poder de Putin diminuiu após o motim, enquanto o presidente da Polônia, Andrzej Duda, expressou sua preocupação com a presença dos combatentes do Wagner, em grande parte recrutados no sistema penal russo, na Belarus —que faz fronteira com membros da Otan.

Já o presidente dos EUA, Joe Biden, disse que é muito cedo para afirmar que seu homólogo russo foi enfraquecido pela rebelião fracassada. Putin, porém, é um "pária em todo o mundo" que "está perdendo a guerra em casa", completou o americano.

Com AFP

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