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União Africana suspende Gabão após junta militar tomar o poder

Bloco 'condena firmemente' golpe de Estado no país, o oitavo do continente a ver seu governo ser derrubado desde 2020

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Boa Vista

A União Africana suspendeu o Gabão nesta quinta-feira (31), cortando o país de todas as atividades e instituições do bloco até que a ordem constitucional seja restabelecida após uma junta militar deter o presidente eleito, Ali Bongo, e anunciar o general Brice Oligui Nguema como "presidente da transição".

O autointitulado Comitê pela Transição e Restauração das Instituições (CTRI) anunciou nas primeiras horas desta quarta-feira (30) a deposição do presidente, o fechamento das fronteiras e a dissolução de instituições como o Senado e a Assembleia Nacional, sob alegação de fraude nas eleições cujo resultado concedeu a Bongo um terceiro mandato, com 64,2% dos votos.

População tira fotos com soldados e comemoram golpe em Libreville, capital do Gabão - Scott Ngokila - 30.ago.23/Reuters

A previsão da junta é de que o general Oligui Ngema seja empossado como novo presidente na próxima segunda-feira (4). Em comunicado transmitido em canais de televisão nesta quinta, o general afirmou querer "tranquilizar todos os credores e parceiros, assegurando que todas as medidas serão tomadas para garantir o respeito aos compromissos do Gabão".

A tomada de poder em Libreville encerra quase seis décadas de controle da família de Bongo, que lidera o país desde 1967. Opositores acusam o clã de corrupção e de cercear a riqueza vinda do setor do petróleo e gás. Após o golpe, um vídeo em que o presidente deposto, detido em casa, pede ajuda de aliados internacionais e aparenta não saber o que ocorria no país, foi publicado nas redes sociais.

Outras organizações regionais também criticaram o movimento dos militares gaboneses. A Comunidade Econômica dos Estados da África Central (Cedeac), do qual o país é membro, condenou o golpe e disse que uma reunião dos chefes de Estados integrantes do grupo para coordenar uma resposta regional era "iminente", embora sem divulgar data para isso.

O presidente da Nigéria, Bola Tinubu, que lidera a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao) expressou receio sobre a situação da região. "Meu medo se confirmou no Gabão de que imitadores irão começar a copiar [esse tipo de movimento] até que isso seja parado", afirmou.

A referência do líder nigeriano é ao golpe no Níger, também promovido pelas Forças Armadas do país, que ocorreu no fim de julho e com roteiro semelhante: a deposição do presidente, Mohamed Bazoum, fechamento de fronteiras e posterior suspensão da União Africana.

Logo em seguida, a União Europeia e a França, que colonizou o Níger, anunciaram o corte de assistência financeira para o desenvolvimento do país. A junta expulsou o embaixador francês no último dia 25.

O desenrolar do putsch em Niamey chegou ao ponto de a Cedeao afirmar que havia colocado tropas de prontidão para intervir no país e dar um ultimato à junta golpista, que no entanto ignorou as ameaças e foi apoiada por Burkina Fasso e Mali —ambos ameaçaram declarar guerra em caso de intervenção no Níger. Até o momento, a Cedeao hesita em levar em frente o ultimato.

Os golpes no Gabão e no Níger se somam a outros seis que ocorreram no continente desde 2020, notadamente na região do Sahel. Guiné, Mali, Burkina Fasso, Chade e Sudão passaram por movimentos semelhantes, o que confere mais instabilidade a uma região assolada por grupos extremistas e disputas de poder.

Com Reuters e AFP

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