Siga a folha

Descrição de chapéu América Latina

Coletes à prova de bala contrastam com tranquilidade em 2º turno no Equador

Esquema de segurança se repete no país após candidato ser assassinado, mas votação ocorre sem grandes incidentes

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Quito

A imagem de candidatos vestindo coletes à prova de balas e cercados por militares contrasta com o clima de tranquilidade que se vê neste domingo (15) no Equador. O país sul-americano vai às urnas em segundo turno para eleger entre o empresário de centro-direita Daniel Noboa e a advogada da esquerda correísta Luisa González.

Num pleito marcado pelo assassinato do candidato Fernando Villavicencio a 11 dias do primeiro turno, em agosto, ambos decidiram votar com um forte esquema de segurança, como já vinham fazendo nos atos de campanha. Também se repetiu a presença de militares e policiais em todas as escolas, com revistas de mochilas na entrada.

Candidato à Presidência do Equador, Daniel Noboa, em Santa Elena, no domingo de eleição - Santiago Arcos/Reuters

Até o início da tarde, porém, não houve nenhum episódio de violência significativo, segundo as autoridades equatorianas. "O país está em absoluta tranquilidade", afirmou o ministro do Interior, Juan Zapata. Ele ressaltou que foram recebidas seis chamadas falsas de atentados, todas descartadas.

"Achei que está até mais tranquilo que o primeiro turno", dizia a confeiteira Elizabeth Guzmán, 41, num colégio no centro de Quito ao lado das duas filhas e da neta, pelas quais ela afirma ter votado em Noboa. "Principalmente pelos jovens, porque precisam de educação, formação, oportunidades. Ele representa uma mudança", justificou.

Sua opinião é oposta à do engenheiro informático Elvis Oña, 59, que diz ver em González essa mesma mudança. "Senão teremos um Lasso Júnior", diz ele, em referência ao atual presidente Guillermo Lasso, ex-banqueiro de direita que hoje angaria uma das piores avaliações entre os líderes latino-americanos.

Sem ter conseguido acordos na Assembleia Legislativa e ameaçado por um processo de impeachment, Lasso decretou em maio a chamada "morte cruzada", mecanismo previsto na Constituição equatoriana, convocando eleições antecipadas. O próximo presidente, portanto, só vai governar por cerca de um ano e meio.

Noboa, 35, foi a grande surpresa do primeiro turno e é apontado como favorito. Filho de um bilionário que já tentou chegar à Presidência cinco vezes e formado na Universidade de Harvard, trabalhou no conglomerado do pai e em 2021 foi eleito deputado. A Folha revelou que ele é dono de empresas em paraísos fiscais, o que sua campanha não quis comentar.

Já González, 45, também ex-deputada, tem um longo currículo dentro de gestões da força política do ex-presidente Rafael Correa, que governou o país de 2007 a 2017 e hoje está asilado na Bélgica após ser condenado por corrupção e se dizer perseguido. Apesar de ser mulher e de esquerda, ela não atrai o voto feminista e, sempre citando Deus, é contra a descriminalização do aborto.

"Luisa é a candidata mais preparada, tem suas posições muito firmes e eu acredito no seu projeto", afirma a comerciante Fátima Piedra, 60, esposa de Elvis, explicando por que decidiu continuar votando no correísmo neste ano. "Sentimos saudade do tempo em que se construía estradas, escolas, universidades", acrescenta.

O correísmo versus anticorreísmo é um dos fatores que deve definir essa eleição —como ocorre tradicionalmente no país— já que González é bastante próxima e fiel a seu padrinho político. "É sempre um candidato correísta contra outro de direita, por isso sou a favor de se decidir em primeiro turno", opina a atendente de telemarketing Guadalupe Paredes, 24.

A jovem, porém, diz não estar de um lado nem de outro. Votou em Noboa no primeiro turno, mas decidiu mudar a González neste domingo ao saber que ele tinha acusações de maus tratos psicológicos por parte da ex-mulher, caso que está na Justiça e que ele nega.

A votação se encerra às 17h no horário local (19h no horário de Brasília), e os resultados começarão a ser divulgados às 18h30 (20h30 no Brasil) pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE). O equatorianos que moram no exterior também tiveram que votar de novo para o Legislativo neste domingo, após problemas com o técnicos no primeiro turno.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas