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Candidato à Presidência do Equador é assassinado com tiros na cabeça

Fernando Villavicencio saía de evento de campanha em Quito a 11 dias da eleição quando foi baleado

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Boa Vista

O candidato à Presidência do Equador Fernando Villavicencio, 59, foi assassinado com três tiros na cabeça após comício em Quito. A morte foi confirmada pelo presidente equatoriano, Guillermo Lasso.

"Indignado e consternado pelo assassinato do candidato presidencial Fernando Villavicencio. Minha solidariedade e minhas condolências à sua esposa e às suas filhas. Pela sua memória e por sua luta, asseguro que esse crime não ficará impune", escreveu Lasso em seu perfil na plataforma X, ex-Twitter. "O crime organizado chegou muito longe, mas sobre eles vai cair todo o peso da lei."

Fernando Villavicencio, candidato à Presidência do Equador, durante evento de campanha em Quito, nesta quarta (9)
Fernando Villavicencio, candidato à Presidência do Equador, durante evento de campanha em Quito, nesta quarta (9) - Karen Toro/Reuters

Segundo a imprensa local, o ataque ocorreu às 18h20 desta quarta, no horário local. Villavicencio foi atingido ao entrar no veículo que o esperava do lado de fora do colégio onde o comício foi realizado.

De acordo com a Procuradoria, um suspeito do crime, que ficou ferido em troca de tiros com agentes de segurança, foi detido e levado a uma delegacia, mas teve a morte confirmada na ambulância. Não havia informações imediatas sobre quem era a pessoa. O órgão federal também afirmou em comunicado que o atentado deixou nove feridos, entre os quais uma candidata a um posto legislativo e dois policiais.

Ex-congressista e candidato pelo Movimento Construye, Villavicencio apareceu em segundo lugar em uma pesquisa recente feita pelo instituto Cedatos, com 13,2% da preferência dos eleitores, só atrás de Luisa González, com 26,6%, a única mulher na disputa e aliada do ex-presidente socialista Rafael Correa.

Outros institutos, porém, têm números bem diferentes dos divulgados pelo Cedatos. Estudo da agência ClickReport em 5 e 6 de agosto indicava Villavicencio em quinto lugar, concentrando 7,5% das preferências dos eleitores. Gonzáles ainda manteria a dianteira, com 29,3% das intenções de voto, seguida por Yaku Pérez, com 14,4%, e Otto Sonnenholzner, com 12,7%. Em quarto lugar, com 9,6%, aparecia Jan Topic. A margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.

Em outros atos da campanha, Villavicencio chegou a afirmar que havia recebido a recomendação de tomar precauções devido a ameaças, já que ele mesmo relatou ter recebido ao menos três delas do grupo criminoso Los Choneros já durante o ciclo eleitoral. "Eles me disseram para usar um colete [à prova de balas]. Aqui estou eu, com a camisa suada. Vocês são o meu colete à prova de balas, não preciso disso", disse o candidato em dos comícios. "Aqui estou. Falaram que iam me quebrar [...] Que venham os chefes do tráfico, venham. Que venham os sicários. O tempo das ameaças acabou", acrescentou.

Da província andina de Chimborazo, Villavicencio foi funcionário e sindicalista da estatal Petroecuador e também trabalhou como jornalista. Na função, denunciou corrupção e perdas financeiras em contratos do setor. Crítico do ex-presidente Rafael Correa, ele fora condenado a 18 meses de prisão por difamação devido a declarações feitas contra o líder esquerdista. Ele buscou asilo no Peru, país vizinho, em 2017.

O Equador vive hoje instabilidade política e grave crise relacionada ao narcotráfico e à violência, que cresceu no último ano. A taxa de homicídios saltou de 14 para 25 por 100 mil habitantes de 2021 para 2022, e cidades como Guayaquil têm sido palcos da onda de violência, com mortos em ataques armados.

Na cidade, a maior do país, um confronto em abril entre gangues em um presídio matou 12 pessoas —os motins são constantes desde 2021. Em julho, 31 detentos morreram e 14 pessoas ficaram feridas em outro confronto em uma penitenciária de Guayaquil. Antes visto como pacífico, o Equador, localizado entre o Peru e a Colômbia, grandes produtores de cocaína do mundo, tem portos no oceano Pacífico que atraem organizações criminosas devido ao potencial de escoamento da produção de drogas.

No início daquele mês, Lasso havia decretado estado de emergência parcial e autorizado o porte de armas para civis diante da crise. A medida de exceção já havia sido declarada três vezes no ano passado.

O tema tem povoado a campanha presidencial, com candidatos apostando em forte retórica contra a criminalidade. Um exemplo é o ex-empresário da área de segurança Jan Topic, 40. "Não vou perder tempo. Criminosos: vocês têm até 20 de agosto para fugir deste país. Vou perseguir e prender vocês", afirmou ele.

A data se refere ao primeiro turno do pleito, convocado após Lasso dissolver o Parlamento e convocar novas eleições para interromper um processo de impeachment, em medida prevista na Constituição mas nunca utilizada. Chamada de "morte cruzada", o mecanismo foi acionado pelo presidente sob o argumento de que havia grave crise política e comoção interna —motivo previsto na Carta, embora pouco objetivo.

Com Reuters

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