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Descrição de chapéu Eleições na Venezuela

Lula diz que enviará Celso Amorim como observador de eleição na Venezuela

Presidente afirmou ainda que ficou assustado com fala de Maduro sobre 'banho de sangue' caso o ditador perca o pleito

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Brasília | AFP e Reuters

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta segunda-feira (22) que Celso Amorim, seu assessor especial para assuntos internacionais, viajará à Venezuela para acompanhar as eleições presidenciais marcadas para domingo (28).

A lisura do processo eleitoral tem sido questionada por opositores e líderes internacionais e, nos últimos dias, o ditador Nicolás Maduro aumentou a tensão ao dizer em comício que sua eventual derrota poderia desencadear uma guerra civil no país.

O presidente brasileiro criticou a menção feita por Maduro a um "banho de sangue" caso a oposição vença a disputa. "Fiquei assustado com as declarações [...]. Quem perde as eleições toma um banho de votos, não de sangue", disse Lula. "Maduro tem de aprender: quando você ganha, você fica. Quando você perde, você vai embora e se prepara para disputar outra eleição."

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante entrevista coletiva com agências de notícias internacionais no Palácio da Alvorada, em Brasília - AFP

"Espero que seja isso que aconteça, pelo bem da Venezuela e pelo bem da América do Sul", acrescentou o presidente em entrevista coletiva a agências de notícias internacionais.

O principal adversário de Maduro é o diplomata Edmundo González. O candidato opositor, que lidera as principais pesquisas de intenção de voto, entrou na corrida após María Corina Machado, a mais vocal crítica do regime, vencer as primárias da oposição em outubro, mas ser impedida por um tribunal de concorrer. A primeira alternativa para substituí-la, Corina Yoris, também não conseguiu inscrever sua candidatura.

González agradeceu a Lula em publicação na plataforma X. "Agradecemos as palavras do presidente em apoio a um processo eleitoral pacífico e amplamente respeitado na Venezuela. Valorizamos agradecidamente a presença do ex-ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, para observar o processo do próximo domingo. O mundo nos observa e acompanha", disse o candidato.

O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela convidou organizações sociais brasileiras simpáticas ao chavismo para acompanhar as eleições. A entidade eleitoral, controlada por aliados de Maduro, ainda fez um convite ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para organizar uma missão de observação, porém limitada a dois técnicos —o tribunal recusou sob o argumento de que está focado no pleito municipal que ocorrerá em outubro no Brasil.

Em 3 de junho, o TSE divulgou a veículos de imprensa que não acompanharia as eleições na Venezuela. No dia 21 do mesmo mês, a Folha enviou novos questionamentos ao tribunal. A corte respondeu que "todas as atividades da Justiça Eleitoral estão focadas na realização segura, transparente e acessível" das eleições municipais brasileiras em outubro.

O pleito na Venezuela representa o maior desafio ao chavismo nos 25 anos em que a corrente inaugurada pelo ex-líder Hugo Chávez (1954-2013) está no poder. Maduro, que busca um terceiro mandato de seis anos, aparece em desvantagem nas pesquisas de opinião, o que o levou a subir o tom de seus discursos nos últimos dias.

"O destino da Venezuela no século 21 depende da nossa vitória em 28 de julho. Se não querem que a Venezuela caia em um banho de sangue, em uma guerra civil fratricida, produto dos fascistas, vamos garantir o maior êxito, a maior vitória da história eleitoral do nosso povo", afirmou o ditador num comício em Caracas, na última quarta (17).

Na semana anterior, ele já havia feito referência a uma guerra. "Em 28 de julho se decide entre guerra ou paz, guarimba [tipo de protesto com barricadas usado pela oposição] ou tranquilidade, projeto de pátria ou colônia, democracia ou fascismo", afirmou ele em outro comício.

"Já falei com Maduro duas vezes [...]. Ele sabe que a única forma de a Venezuela voltar à normalidade é que haja um processo eleitoral respeitado por todos", disse Lula nesta segunda. Para que os migrantes voltem ao território venezuelano e haja crescimento econômico, continuou o petista, Maduro "tem de respeitar o processo democrático".

Segundo a Acnur, a agência da ONU para refugiados, quase 8 milhões de pessoas —cerca de 20% da população— deixaram a Venezuela desde o início da crise econômica e humanitária que começou após a chegada de Maduro ao poder, em 2013, até setembro do ano passado.

Lula defendeu o regime por anos, mas recentemente seu governo subiu o tom contra Maduro ao criticar obstáculos impostos à oposição venezuelana. O brasileiro ainda pediu mais observação internacional depois que a ditadura retirou o convite à União Europeia para observar o pleito.

"Vou ver se a Câmara dos Deputados e o Senado também podem enviar pessoas para acompanhar a eleição", afirmou Lula, que também voltou a pedir a retirada das sanções internacionais contra a Venezuela.

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