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Rússia começa contraofensiva em região invadida pela Ucrânia

Secretário de Estado dos EUA vai a Kiev para discutir momento crítico da guerra

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São Paulo

Pouco mais de um mês após terem sofrido a primeira invasão estrangeira desde 1941, as Forças Armadas da Rússia começaram uma contraofensiva na região meridional de Kursk, parcialmente ocupada pela Ucrânia.

A ação começou na terça (10) e foi confirmada nesta quarta (11) pelo general Apti Alaudinov, comandante da unidade de forças especiais tchetchenas Akhmat, principal grupamento em combate na região. "Um total de cerca de dez localidades foi liberado. A situação é boa", disse.

Os secretários David Lammy (esq.) e Antony Blinken (dir.) chegam à estação de trem de Kiev - AFP

O relato, impossível de ser verificado de forma independente neste momento, foi confirmado à Folha por dois analistas de defesa em Moscou. Também corroboraram a informação dois influentes blogueiros militares do país, sob o codinome Rybar e Two Majors.

Desde a surpreendente invasão de 6 de agosto, as forças de Volodimir Zelenski tomaram 1.300 km2, ou 0,007% do território russo —Moscou ocupa cerca de 20% do vizinho. A ação é uma jogada extremamente arriscada, pois Kiev empregou nela algumas de suas melhores tropas.

Com isso, houve um enfraquecimento no já pressionado flanco leste da frente de batalha dentro do país invadido por Vladimir Putin em 2022. Com efeito, desde a invasão de Kursk as forças russas avançaram de forma decisiva em Donetsk, ameaçando capturar toda a região anexada ilegalmente pelo Kremlin.

Psicologicamente, foi uma derrota para Putin, que viu 91% dos russos se mostrando preocupados com a violação de soberania segundo pesquisa do independente Centro Levada. Segundo o governo de Kursk divulgou nesta terça, 150 mil pessoas foram retiradas de casa e os prejuízos já somam R$ 5,6 bilhões.

É um dos momentos mais dinâmicos e críticos da guerra. Além dos desenvolvimentos em solo, tanto Rússia quanto Ucrânia escalaram seus ataques aéreos —campo no qual a vantagem de Moscou é enorme, restando a Kiev ações grandes mas de efeito mais simbólico, como o bombardeio com drones da terça, que matou uma mulher na capital russa.

Zelenski tem sido criticado por sua jogada, que em tese visava drenar recursos russos da frente de batalha e, teoricamente, criar uma ficha nova de barganha para as conversações de paz que se insinuavam antes da invasão.

O ucraniano, pressionado, promoveu na semana passada uma reformulação de seu governo, retirando diversos ministros do cargo. Agora, a administração está mais concentrada nele e em Andrii Iermak, o poderoso chefe de gabinete do presidente.

Para tomar pulso da situação, Estados Unidos e Reino Unido enviaram nesta quarta a Kiev seus chefes de política externa, respectivamente os secretários Antony Blinken e David Lammy.

Além de discutir a crise, eles voltaram a ouvir Zelenski pedir permissão para o uso de armas de longo alcance que doaram para a Ucrânia contra alvos distantes no território russo. "Eu estou otimista que eles vão nos dar permissão, mas é uma pena que isso não depende do meu otimismo", disse o ucraniano.

Tanto Blinken quanto Lammy afirmaram ter "ouvido atentamente" o ucraniano, que também voltou a dizer que tem pronto um "plano de paz" a ser apresentado no fim do mês nos EUA. "É um reforço sério da Ucrânia que, na minha opinião, vai influenciar na decisão da Rússia de acabar com esta guerra", afirmou Zelenski.

Tanto americanos quanto outros aliados deram tal permissão neste ano, mas apenas para operações fronteiriças, como em Kursk. Na terça, o presidente Joe Biden disse que estava discutindo o assunto, o que sugere algum tipo de anúncio para dar uma boa notícia ao aliado ucraniano.

Na semana passada, contudo, Zelenski ouviu do grupo de doadores de armas reunidos na base alemã de Ramstein que não iria receber nem as armas, nem autorizações. A argumentação então foi de que elas não fariam a diferença na guerra que ele pretende, que é forçar Putin a negociar em seus termos.

Um fator novo à mesa é a acusação feita por Blinken de que o Irã forneceu centenas de mísseis balísticos de curto alcance aos russos, o que pode liberar o emprego de armas de maior capacidade contra outras áreas da Ucrânia.

Após praticamente confirmar a informação, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse nesta quarta que a afirmação era "sem base". O Irã, que sofreu novas sanções devido ao fornecimento apontado, negou a transação —ambos os países firmaram um acordo militar no ano passado.

Os analistas ouvidos pela reportagem dizem que a entrega provavelmente ocorreu e envolveu modelos com alcance máximo de 120 km. A chancelaria russa, por sua vez, afirmou que se os americanos autorizarem o emprego de mísseis táticos ATACMS contra alvos dentro de seu território, o país poderá atacar comboios levando as armas dentro da Ucrânia.

Também nesta quarta, a Rússia disse ter afundado oito botes com 80 militares ucranianos que tentaram tomar uma plataforma de petróleo na Crimeia, anexada por Putin em 2014. Moscou diz que a ação visava coincidir com a visita dos chanceleres a Kiev, mas "acabou afogada em sangue".

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