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Pais e filhos

Promoção de Antônio Hamilton Rossell Mourão representa novo constrangimento para o governo

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão - Nelson Almeida - 4.out.18/AFP

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Segundo uma antiga máxima da política, o desgaste é inevitável quando uma autoridade pública se vê forçada a dar explicações.

É o que se observa com a notícia de que Antônio Hamilton Rossell Mourão, filho do vice-presidente da República, acaba de dar um salto em sua carreira de quase duas décadas no Banco do Brasil. Promovido a assessor especial do novo presidente da instituição, Rubem Novaes, o funcionário triplicou seus vencimentos, passando a receber R$ 36,3 mil por mês.

A ascensão repentina aconteceu no mesmo dia em que Novaes assumiu oficialmente o cargo —em cerimônia que contou com a presença do pai do contemplado, o general da reserva Hamilton Mourão.

Pode-se imaginar o desconforto provocado pelo episódio no governo de Jair Bolsonaro (PSL), cuja campanha eleitoral atacou o loteamento de cargos e os favores a apaniguados atribuídos, não sem razão, aos adversários petistas.

O caso tampouco ilustra os propósitos liberais manifestados pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, que na segunda-feira (7) deu posse aos presidentes dos bancos federais com compromissos de transparência e profissionalismo.

Diante da repercussão negativa, o general Mourão cuidou de louvar os atributos do filho. Funcionário concursado, esclareceu, “com excelentes serviços” e “conduta irrepreensível”. A promoção não teria ocorrido antes porque, “em governos anteriores, honestidade e competência não eram valorizados”.

Mais que isso, Rossell, com atuação na área do agronegócio, teria sido até ameaçado e perseguido por não ser filiado ao PT. “Quando o vento era outro, ele era prejudicado. Agora, que o vento é a favor, ele foi favorecido por suas qualidades”, relatou o vice-presidente.

Descontada a tese persecutória, e guardadas as proporções, as explicações evocam as do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006, ao falar do extraordinário sucesso empresarial de seu filho —que comparou ao jogador de futebol Ronaldinho, na época a maior estrela da seleção nacional.

Uma promoção profissional não desperta tanta atenção, decerto, quanto uma fortuna no mundo dos negócios. Ainda assim, representa novo constrangimento para um governo que promete renovar e moralizar as práticas políticas.

O próprio Bolsonaro é personagem de um imbróglio que mistura família e administração pública —disse ter concedido um empréstimo a Fabrício Queiroz, ex-assessor legislativo de um de seus filhos, que realizou depósito de R$ 24 mil em favor da atual primeira-dama.

editoriais@grupofolha.com.br

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