Sob Bolsonaro, Banco do Brasil e Caixa vão buscar sócios

Joaquim Levy (BNDES), Pedro Guimarães (Caixa) e Rubem Novaes (BB) tomaram posse nesta segunda

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Brasília

 Sob Jair Bolsonaro, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil pretendem pôr fim a ingerências políticas, democratizar a oferta de crédito e trazer sócios para suas subsidiárias mais rentáveis.

Para marcar a nova gestão, as duas instituições se comprometeram a devolver ao Tesouro quase R$ 50 bilhões emprestados pela União. Em quatro anos, voltarão para os cofres R$ 40 bilhões da Caixa e ao menos R$ 8 bilhões do BB.

Para repor esse dinheiro, ambas as instituições querem abrir o capital de seus negócios mais rentáveis.

Na Caixa, será o braço de investimento do banco, as áreas de seguros, cartões e loterias. No BB, a ideia é trazer sócios para a administração de fundos de investimentos, cartões, seguros, crédito para pessoa física e pequenas empresas.

"Trazer sócios para o banco é uma forma de proteção também", disse Pedro Guimarães, presidente da Caixa. "Se alguém tentar usar a Caixa de forma política, não vai conseguir."

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Jair Bolsonaro, entre seu vice, Hamilton Mourão (à dir. dele), e o ministro Onyx Lorenzoni na posse de presidentes de bancos públicos - Pedro Ladeira/Folhapress

Isso porque, segundo ele, a abertura de capital reforçará a governança do banco. Desde que foi alvo da Lava Jato, a Caixa vem passando por um processo de aprimoramento das regras de governança que travam desmandos e ingerências na instituição e que já levaram à substituição de quatro vice-presidentes envolvidos nas investigações.

O presidente do BB, Rubem Novaes, disse que não haverá privatização. A proposta, segundo ele, é destravar valor com a abertura de capital ou com a busca de parceiros.

"O BB Seguridade valia mais que o banco. O BB estava sentado em cima de um tesouro e não sabia", disse o ministro da Economia, Paulo Guedes, ao explicar a política de desinvestimentos que será levada adiante nos dois bancos.

Em outra frente, Caixa e BB devem acelerar a política de venda de carteiras, principalmente imobiliária. No BB, Novaes ainda estuda a melhor alternativa para monetizar os ativos imobiliários do banco. Uma ideia é criar fundos imobiliários para a venda de cotas.

Na Caixa, a venda de carteira deve gerar R$ 100 bilhões em quatro anos, caso seja possível abrir esse mercado para investidores estrangeiros. Se não, esse número pode chegar a R$ 30 bilhões. Segundo Guimarães, hoje esse mercado de securitização movimenta somente R$ 10 bilhões.

Nessas carteiras, estarão, por exemplo, recebíveis de financiamentos imobiliários, tanto de classe média quanto do Minha Casa, Minha Vida --estes com inadimplência mais elevada, especialmente na faixa que abrange clientes de menor poder aquisitivo.

Com esses recursos, Guimarães pretende fazer girar novamente o motor do crédito imobiliário que está travado diante da necessidade do banco de reforçar seu capital para fazer frente às exigências de segurança nos empréstimos.

O banco continuará cobrando juros de mercado para financiamentos da classe média. As taxas subsidiadas, quando concedidas, estarão discriminadas no Orçamento, dando mais transparência.
"Tem que ser rentável para a Caixa e bom para a sociedade", disse Guimarães.

Em discurso, Paulo Guedes reforçou essa nova política do banco. O ministro disse que não será mais tolerado o que chamou de "pirataria privada". Ele citou casos de políticos que iam à Caixa e saíam com créditos bilionários, que não chegavam aonde deveriam.

Ao mesmo tempo, segundo ele, faltavam recursos para iniciativas como a compra de barcos que funcionam como agências atendendo regiões isoladas na Amazônia, levando crédito a quem não tem acesso e ajudando no processo de bancarização do país.

A carteira de clientes da Caixa, hoje em 93 milhões de pessoas, foi tratada como um negócio em potencial pelo novo presidente, já que hoje apenas 15 milhões compram algum serviço oferecido pelo banco.

Guimarães afirmou que, com uma base desse tamanho, é inaceitável que a Caixa não ofereça hoje o serviço de cartões para oferecer crédito consignado. Ele estabeleceu a meta de conquistar 20 milhões de clientes nesse segmento em quatro anos. "Se não atingir, eu falhei", disse.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, abraça o presidente do BNDES, Joaquim Levy
O ministro da Economia, Paulo Guedes (à esq.), abraça o presidente do BNDES, Joaquim Levy - Pedro Ladeira/Folhapress

O presidente do banco também pretende levar o microcrédito a 30 milhões de pessoas. A ideia é seguir o modelo usado hoje pelo Banco do Nordeste, que tem 4,5 milhões de clientes e, segundo ele, é a maior operação da América Latina nesse ramo.

Forte nos empréstimos para o agronegócio, o BB vai rever sua política de subsídios. O banco vai trocar crédito barato pela oferta de seguro agrícola, que tem um menor custo para o governo.

O subsídio é concedido por meio da equalização da taxa de juros cobrada do produtor, que tem acesso a juros mais baixos do que os praticados no mercado porque a diferença é bancada pelo Tesouro Nacional.

oaquim Levy, que tomou posse na presidência do BNDES também nesta segunda-feira (7), disse que a instituição precisa rever seu balanço e reduzir dependência de recursos do Tesouro, que ainda é exagerada. "Estamos na antesala de um novo ciclo de investimentos, com economia mais aberta."

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