Nova base no gelo
Após destruição de incêndio de 2012, Brasil inaugura instalação na Antártida
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Frustrou-se a expectativa da Marinha e da Secretaria da Comissão Interministerial para Recursos do Mar de inaugurar a nova base brasileira na Antártida, construída por uma estatal chinesa, com a presença do presidente da República.
Na semana inicialmente prevista para a cerimônia, Jair Bolsonaro (PSL) embarcava para os Estados Unidos. Fazia apenas um mês que recebera alta após cirurgia em São Paulo, e as duras condições do continente gelado não pareciam propícias para uma visita da principal autoridade do país.
A ausência não diminui a importância de ver retomada —e ampliada— a atuação plena do Brasil no extremo austral do planeta. Ela vinha em meia velocidade desde o incêndio de 2012 na Estação Antártica Comandante Ferraz, que deixou dois militares mortos.
Para evitar uma interrupção completa, a Marinha, responsável pela logística das chamadas Operações Antárticas anuais, providenciou instalações provisórias. A presença permanente e a realização de pesquisa constituem exigências para continuar como um dos 29 membros com direito a voto do Tratado Antártico (1959).
Concurso de arquitetura selecionou um projeto audacioso do Estúdio 41, de Curitiba, para a nova estação. Em concorrência internacional, ficou com a empreitada de US$ 99,6 milhões (cerca de R$ 380 milhões) um conglomerado do governo da China, Ceiec.
Conclui-se agora em março a obra, com atraso de um ano, o que sob as condições inóspitas da ilha Rei George não chega a surpreender. Embora mais próxima da América do Sul do que do polo Sul, só se realizam trabalhos de campo ali no verão austral; no restante do ano, um destacamento da Marinha permanece no local.
Na prática, só o prédio de metal com 4.500 m² foi terminado. Para abrigar 64 militares e pesquisadores, faltam instalações elétricas e hidráulicas para 17 laboratórios.
A verdadeira inauguração deve ocorrer dentro de um ano. Mas é provável que a operação normal da base ocorra só em 2021.
A presença brasileira na Antártida voltará, então, à plena marcha. Ou não: a pesquisa nacional no continente padece historicamente com financiamento errático, por vezes dependente de emendas parlamentares para não soçobrar.
No final de 2018, R$ 18 milhões (menos de 5% do valor da obra) foram autorizados para três anos de manutenção de 17 projetos de pesquisa, mas nada está garantido depois. Se a fonte de recursos não se tornar perene, a vistosa estação poderá começar ociosa em 2021.
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