Experimento de verão
Decisão de Bolsonaro volta a acalorar debates acerca da mudança nos relógios
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
A prática de adiantar relógios em uma hora na primavera e atrasá-los quando está para chegar o outono, ou horário de verão, volta a acalorar debates com a decisão do presidente Jair Bolsonaro (PSL) de suspendê-lo após 35 anos de vigência. Trata-se de assunto que divide opiniões como poucos.
Em 2017, pesquisa Datafolha no Sul, no Sudeste e no Centro-Oeste (onde se adota a medida) constatou que 56% nessas regiões lhe eram favoráveis. Uma maioria, mas longe de indicar algo muito popular.
Afinal, havia 38% de pessoas contrárias, possivelmente as que preferem manter condições regulares de sono a uma hora adicional de claridade para divertir-se. Outros 5% se disseram indiferentes.
Diversão e descanso noturnos nada tinham a ver com a ideia quando a Alemanha a adotou pioneiramente, em 1916. Em guerra, o país pretendia economizar energia.
A política se espalhou pelo mundo, sobretudo em nações de clima temperado. Vários países tropicais nunca aderiram, porém, em especial na África. O Parlamento Europeu decidiu abolir sua obrigatoriedade a partir de 2021.
O argumento sobre energia vem sendo questionado. No Brasil, contou-se economia em torno de R$ 150 milhões em 2016; em 2013, eram cerca de R$ 400 milhões.
A redução na poupança de eletricidade decorre de mudanças no padrão de consumo. De início a hora extra de claridade mantinha apagadas lâmpadas incandescentes, que consomem muita eletricidade, depois substituídas por dispositivos frios e com tecnologia LED.
A popularização de aparelhos de ar condicionado deslocou o consumo de eletricidade para toda a tarde, arrefecendo o pico de consumo intenso e problemático.
Em 2017, o Ministério de Minas e Energia emitiu nota técnica afirmando que a medida deixara de justificar-se. Em 2016, uma revisão de 44 estudos avaliou que a economia gerada em vários países era de apenas 0,34% em média.
Há, por fim, pesquisas a sugerir que perder uma hora de sono aumenta a ocorrência de infartos, surtos de depressão e acidentes de trânsito e de trabalho.
Não faltam argumentos a favor do horário de verão, por outro lado. Com mais pessoas fora de casa uma hora adicional por dia, bares, restaurantes e o setor de turismo como um todo lucram mais. A ocorrência de assaltos chega a cair 7%, e a de atropelamentos, 13%.
A suspensão do horário de verão neste ano oferece excelente oportunidade para aferir, em pesquisas, se parcela significativa da população a tomará como um prejuízo.
Receba notícias da Folha
Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber
Ativar newsletters