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A carta de Regina

Atriz, que assume sob tensões, tem missão de pacificar área cultural do governo

A atriz Regina Duarte, durante cerimônia de posse na Secretaria Especial da Cultura - Pedro Ladeira/Folhapress

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Passado o período de noivado, conforme a expressão que as duas partes empregaram, sacramentou-se na quarta-feira (4), enfim, o casamento entre a atriz Regina Duarte e o governo Jair Bolsonaro.

Artista de longa e reconhecida carreira, Regina passa a comandar a gestão da cultura, área que ficou marcada até agora por turbulências, embates ideológicos, intervenções de extração autoritária e sucessivas trocas de comando.

O primeiro a ocupar a secretaria especial destinada ao setor, Henrique Pires, deixou o cargo em agosto, acusando o governo de censura, após a suspensão de um edital que contemplava séries com temática LGBT. Seu substituto, o economista Ricardo Braga, permaneceu poucas semanas no posto.

Na sequência, o órgão teve à frente o diretor de teatro Roberto Alvim, com seu delirante projeto de “guerra cultural” contra a esquerda.

O desvario foi interrompido em janeiro, após a veiculação de um grotesco vídeo no qual ele aparecia repetindo trechos de um discurso de Joseph Goebbels, ministro da Propaganda de Adolf Hitler, em meio a outras alusões ao nazismo.

Diante desse histórico deplorável, afigura-se sem dúvida auspiciosa a intenção de Regina, manifestada em seu discurso de posse, de trazer pacificação à área e manter constante o diálogo com setor cultural, sociedade e Congresso.

Já de início, a atriz procedeu a uma ampla e sem dúvida necessária limpeza nos postos da secretaria, incluindo nomes ligados ao ideólogo-mor do obscurantismo bolsonarista, Olavo de Carvalho.

O caminho para debelar do órgão o revanchismo e compor uma equipe comprometida com as reais necessidades do setor, contudo, não estará livre de obstáculos.

Talvez já antevendo dificuldades, Regina sublinhou, em seu pronunciamento, a promessa presidencial de que teria “carta branca” para escolher os integrantes da secretaria.

Falando na sequência, porém, Bolsonaro deixou claro que não abrirá mão de intervir numa área que sua paranoica militância enxerga como dominada pela doutrinação de esquerda.

Tais falanges, a propósito, desde já se unem a radicais de esquerda no ataque à atriz nas redes sociais —num movimento açulado por Carvalho, que, diante da demissão de seus seguidores, passou a provocá-la a desistir do cargo.

Por sua trajetória, Regina Duarte parece reunir qualidades necessárias para ao menos apaziguar o setor e conter a irracionalidade da gestão governamental. Todavia, como se vê, o sucesso desse casamento não dependerá apenas dela.

editoriais@grupofolha.com.br

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