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Betina Serson

Os pais são professores? Os professores são pais?

Não, mas todos têm de aprender novas habilidades

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Nunca ninguém imaginou que o mundo passaria por essa situação de pandemia. Parece que estamos vivendo cenas de filmes sobre um futuro longínquo. Causou um grande susto. A tecnologia desenvolvida nos dava a sensação de segurança de vencer qualquer obstáculo ou vírus completamente desconhecido. De repente nos deparamos com um vírus que não conseguimos conhecer nem achar um remédio ou vacina a curto prazo. O isolamento social trouxe muitas adaptações.

As escolas tiveram de cancelar as aulas, e as crianças estão com classes online. Quando as aulas vão voltar? Não se sabe ao certo. O que se sabe é que os pais estão em casa, em home office com os filhos, e com a dupla função de trabalhar e acompanhar as aulas das crianças.

A pedagoga Simone Inácio, com os filhos Isadora e Isaac, faz atividades em casa, em São Paulo - Danielle Lobato - 3.abr.20/Agência Mural/Folhapress

A dinâmica familiar é totalmente diferente da dinâmica de uma classe. São dois ambientes diferentes que se complementam na formação de um indivíduo. De um lado há a escola, com os valores formais que são passados através do desenvolvimento de conteúdos, e, de outro, há a família, com uma rotina própria e mais informal, com valores transmitidos através do convívio do dia a dia.

No colégio existe o trabalho em grupo, a atenção é dividida com outras crianças, uma rotina escolar, os materiais e o espaço são apropriados para as necessidades daquela turma de alunos. Já em casa a atenção não é dividida: a família tem a sua própria rotina e com um espaço somente para a lição de casa. Além disso, muitas vezes os pais não estudaram da mesma forma que os filhos.

As escolas tiveram de fechar, e os pais se viram na posição de educadores. Será que os pais agora são professores? Não. Cada um tem um papel, claro e diferente. Surgiu a oportunidade de os pais verem de perto como é a vida do filho e quais são as principais habilidades sem a correria do dia a dia. Com certeza, o currículo deste ano terá adaptações. Os professores tiveram de aprender mais sobre as ferramentas de educação a distância. E as crianças tiveram de se adaptar a acordar e ter aulas no computador ou tablet sem a troca com os amigos. Todos tiveram de aprender novas habilidades.

Agora os pais têm a oportunidade de conhecer os filhos e vivenciar e ensinar valores como resiliência, generosidade, empatia, resolução de conflitos, flexibilidade, trabalho em grupo, responsabilidade.
Com o isolamento social, as famílias estão em casa, tiveram de reestruturar a rotina, o trabalho, o estudo. Os mais velhos podem, através de aplicativos de comunicação, ver e conversar com netos e filhos. A resolução de conflitos se torna mais presente na convivência familiar. Não há como evitar o confronto e a solução. O espaço da casa não é mais só para comer. Mas se tornou um local de convivência, no qual todos precisam ajudar na limpeza —e é responsabilidade de toda a família manter a ordem.

Esta fase vai passar e sairemos melhores como pessoas. Teremos a certeza de que somos vulneráveis e que não conhecemos tudo.

Betina Serson

Pedagoga com pós-graduação em psicopedagogia e mestrado em Early Childhood Education (EUA)

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