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Descrição de chapéu

Sabujo expelido

Na ânsia por demonstrar servilismo, Weintraub enfraqueceu Bolsonaro

O ex-ministro da Educação Abraham Weintraub - Pedro Ladeira/Folhapress

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Embora inexistam motivos para esperar uma substituição virtuosa no Ministério da Educação sob Jair Bolsonaro, a saída forçada de Abraham Weintraub não deixa de proporcionar algum alento ao país.

Num primeiro escalão em que nomes como Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Ricardo Salles (Meio Ambiente) desmoralizam suas pastas e mancham a imagem do país, Weintraub conseguiu sobressair em inépcia e indignidade.

O anúncio de sua demissão, após ataques reiterados a ministros do Supremo Tribunal Federal, mostra um governo compelido a reconhecer limites, mesmo que apenas circunstanciais, para o comportamento indecoroso. É o que transparece na imagem de um constrangido Bolsonaro a receber o abraço sôfrego do subalterno expelido.

Na ânsia de demonstrar seu servilismo, o agora ex-ministro contribuiu para o enfraquecimento de um governo rodeado por inquéritos judiciais —um deles, relativo a esquemas de disseminação de notícias infundadas, envolvendo o próprio Abraham Weintraub.

A tagarelice golpista pôs fim à sua curta e vexatória passagem pelo MEC, que só não foi mais danosa porque o provimento prioritário de ensino básico está a cargo dos governos estaduais e municipais.

Ainda assim, a política educacional perdeu tempo precioso com a omissão da pasta nas negociações legislativas para a renovação do Fundeb (o fundo de financiamento dos ensinos fundamental e médio), na implementação da base curricular nacional e, por fim, nos esforços para a retomada das aulas durante a pandemia.

A ladainha contra o espantalho da doutrinação esquerdista nas escolas e universidades não mais esconde a indigência das ideias do bolsonarismo e de seus gurus para o setor. O fanatismo ideológico e a incapacidade para o diálogo inviabilizaram até debates pertinentes, como o da captação de recursos privados na educação superior.

Weintraub agora intenta envergonhar o Brasil aceitando um posto no Banco Mundial —ironicamente, uma das instituições de um tal globalismo satanizado pela direita populista. A valentia de arruaceiro das redes sociais se compatibiliza, de súbito, com o conforto de uma sinecura bem remunerada e distante da Justiça brasileira.

Lá, não terá ou não saberá o que fazer, mas isso nunca foi empecilho para o bravo sabujo de Bolsonaro.

editoriais@grupofolha.com.br

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