Há condições seguras para a retomada das aulas presenciais na cidade de São Paulo? SIM
Com eleição à frente, políticos agem com descaso e insistem em negar a ciência
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As escolas particulares de educação básica do estado de São Paulo vêm se preparando há meses, segundo as normas da OMS, das autoridades de saúde e de educação, e estão prontas para voltar. Além disso, vêm sendo orientadas a seguir também o protocolo do Sieeesp, elaborado por médicos, especialistas e técnicos, com o objetivo de um retorno com segurança para todos.
A OMS já afirmou que as escolas não são o motor principal de transmissão da Covid-19. O ECDC, centro de prevenção de doenças europeu, declarou que as escolas são essenciais na vida das crianças e que nos países onde houve reabertura “não se registrou aumento nos contágios”. Unicef e Unesco declararam que colégios só devem ficar fechados como último recurso.
O ano de 2020 vai ficar marcado na história pela pandemia, mas também pelo descaso de prefeitos que, tendo uma eleição à frente, insistem em negar a ciência —em nome dela!— mesmo que seja com o altíssimo preço de interferir gravemente na vida e na saúde das crianças, impedindo a volta às aulas.
Mas se os pequenos estão confinados, como ficam doentes? Contaminam-se porque moram com adultos que trabalham, usam transporte público lotado diariamente e acabam transmitindo a doença. É a ciência que prova isso, por meio de estudos e pesquisas no próprio ambiente escolar, como na Alemanha e na França (a partir de escolas em uma região altamente afetada pela doença, Crépy-en-Valois).
Em outro estudo recente, publicado pela Associação Americana de Pediatria (disponível em www.aappublications.org/news), pesquisadores da Universidade de Genebra, após avaliarem 4.310 pacientes com Covid-19, constataram que apenas 0,9% possuía idade igual ou inferior a 16 anos, sendo que em 92% desses casos pegaram a doença em casa, de pessoas adultas. E sem evidências de que as crianças transmitiram o vírus para os adultos.
O estudo “Covid-19 e a reabertura das escolas” identifica a experiência bem-sucedida em mais de 15 países. O retorno “não alterou a curva da doença e não houve surto causado pela reabertura: e isso é muito importante. Não é opinião, são fatos”, diz o médico Fabio Jung, um dos coordenadores. Na Dinamarca, a volta ocorreu 30 dias após o início da pandemia, próximo do pico da curva de contágio.
Na Bélgica (proporcionalmente com mais mortes do que o Brasil), em 68 dias. Vietnã, Camboja e Nigéria, que têm menos condições do que nós, já iniciaram a reabertura.
Por aqui, a tragédia anunciada é a de que a capital ostentará o recorde mundial de 198 dias de fechamento em 5 de outubro. E poderá ficar pior, pois o prefeito Bruno Covas (PSDB) condiciona o retorno das escolas a mais testes sorológicos. Mas esse teste revela o quê? Se a criança está doente? Não, só identifica se ela tem anticorpos. Fica claro ser apenas uma cortina de fumaça para tentar justificar o injustificável.
Os paulistanos, forçados a conviver com o uso eleitoreiro da doença, não devem ter dúvidas sobre os responsáveis por essa situação. A OCDE indica um impacto planetário negativo por décadas, em estudo realizado quando o fechamento das escolas era de 14 semanas (98 dias). O que se dirá então de 198 dias? Ou ainda além, em 2021, como tragicamente já anunciaram dezenas de prefeitos, que não se importam com o sofrimento das crianças? Até a ciência está a favor da volta das escolas, obedecendo-se os protocolos de higiene e segurança. Só os políticos eleitoreiros é que não?
No mundo inteiro a pandemia colapsou a saúde. No Brasil, colapsou a educação.
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