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Relatório sobre baixo acesso a tecnologia mostra custo da letargia do governo na área educacional

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O estudante Wilames Thiago, 14, aluno de uma escola pública do Recife, que recebeu chip de celular para acompanhar atividades durante a pandemia. - Leo Caldas/Folhapress

Uma das consequências sociais mais graves da pandemia de Covid-19, a interrupção das aulas presenciais nos últimos meses pôs em evidência a enorme dificuldade para incorporar novas tecnologias ao ensino oferecido na rede pública.

Observou-se, de um lado, que um expressivo contingente de estudantes, por não dispor de computadores ou acesso à internet em casa, não pôde acompanhar as atividades oferecidas pelas escolas em substituição às aulas regulares.

De outro, viu-se que as próprias escolas padecem de carências brutais nesse terreno, seja de equipamentos eletrônicos, seja de conexões em velocidade adequada.

Um relatório da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) ofereceu novas evidências do atraso nacional. Segundo o documento, que analisou dados de 79 países que participam do Pisa, principal avaliação internacional de ensino, o Brasil ostenta a vexaminosa média de 1 computador para cada 10 alunos.

A marca coloca o país nas últimas posições do ranking da organização, ao lado de Marrocos e Kosovo, e muito atrás de seus vizinhos latino-americanos. O mais próximo é o México, cuja relação é de 1 computador para 4 estudantes.

O relatório mostra que 26% dos alunos estão em escolas cujos diretores avaliam como insuficiente a conectividade à internet. Trata-se da quinta pior taxa, melhor apenas que as alcançadas por Argentina, Colômbia, Panamá e Marrocos.

Os dados abarcam estabelecimentos privados e públicos, sugerindo que o problema é ainda mais acentuado na rede oficial, que atende 80% dos estudantes do país.

Como em outros assuntos sob sua responsabilidade, também nesse o Ministério da Educação se omite. Uma licitação para aquisição de 1,3 milhão de computadores destinados à rede pública, ao custo de R$ 3 bilhões, acabou suspensa devido a suspeitas de fraude. Um ano depois, nem o edital foi refeito nem as denúncias esclarecidas.

O programa voltado à implementação de acesso à internet sofre de baixíssima eficiência. Em 2019, apenas 16% dos recursos disponíveis para esse fim foram utilizados.

Não basta comprar computadores para as escolas e dotá-las de conexões velozes para que o país supere seu atraso educacional. Abdicar dessas ferramentas, contudo, como faz o governo, equivale a manter milhões de estudantes apartados das imensas potencialidades propiciadas pela tecnologia.

editoriais@grupofolha.com.br

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